terça-feira, março 31

Vai buscar Wagner ligeiro; Défice na educação


O défice de vagas na educação foi uma das mais importantes pautas debatidas na Sessão Especial realizada na Câmara Municipal no ultimo dia 11 de março. Vereadores, sindicalistas e profissionais de educação, travaram um rico debate sobre as deficiências educacionais no município e apontaram possíveis alternativas que podem regularizar a oferta de vagas na cidade.



Segundo pesquisa realizada pela AGÔ CONSULTORIA, as salas de aulas estão com o número de alunos acima do permitido por lei. O caso mais grave foi registrado na escola Santa Júlia com 45 alunos na turma A da 5ª série.
O Secretário Municipal de Educação, Paulo Aquino, disse que o número de alunos superou as expectativas e que o orçamento para construção de novas escolas já está liberado. Disse ainda, que a depender da emergência novos convênios serão feitos no sentido de equilibrar a procura e oferta de vagas.



Vai buscar Wagner ligeiro


Ainda no campo da educação, um fato curioso merece atenção e questionamento. É sabido por todos nós, que a educação de base é responsabilidade do executivo municipal. Já o ensino médio e superior, é de competência estadual e federal.


Nesse raciocínio, cabe-nos o seguinte questionamento: Por que o governo do estado não assume o aluguel de quase 1 milhão de reais ano, do espaço da Polifucs onde acontece o projeto de capacitação de professores?

Acredito ser importante esse interesse e desprendimento que o poder público municipal no sentido de graduar nossa juventude, mas não podemos deixar de cobrar a participação do estado nesse projeto. Ao menos metade desse aluguel tem que ser assumido por Vagner.

Não vejo dificuldades em nossa prefeita ir buscar Vagner ligeiro, para assumir essa conta. Sobrariam 500 mil por ano. Isso garantiria a construção de pelo menos mais duas novas escolas nessa gestão.

DIREITO DE RESPOSTA À FENACAB

A FENACAB vem solicitar deste blog o direito de resposta a todos esses artigos que estam sendo vinculado na internet, sem autorização e sem o nosso consentimento em citações chegando até a colocarem uma foto do coordenador Jadilson Lopez.

É importante salientar que somos uma instituição religiosa com o claro objetivo de inventariar, orientar, fiscalizar e fermentar políticas públicas que venham beneficiar o povo de santo. Em momento algum a FENACAB se posicionou partidariamente tendendo para negociatas e acordos exclusos.A FENACAB não faz permuta de títulos religiosos por cargos eletivos. Se bem lebramos o “Título de Oju Ara orixá” entregue a Excelentíssima senhora prefeita Moema Gramacho foi dado em 2006 não em uma época eleitoreira como quer parecer esta pagina.

Demos o titulo a senhora prefeita, pois somos pessoas do santo e como tal nos posicionamos e acreditamos que ela iria mudar a cara de Lauro de Freitas e mudou , haja visto as eleições de 2008.

O senhor coordenador Jadilsom Lopez nunca manteve nenhuma política de subserviência, muito menos de calar ou dizer amem ao governo municipal.Talvez a subserviência seja para a Folha Popular a luta incansável desta coordenação e do seu coordenador para conseguir junto ao poder publico a isenção de IPTU para os terreiros, as políticas de prevenções das DSTs/AIDS junto aos terreiros. As feiras de saúde nos terreiros de Lauro de Freitas e tantas outras ações executadas por esta coordenação, que são verdadeiras batalhas travadas junto ao poder público que não tem políticas especificas para este segmento da sociedade.

Quando ecoa o som dos nossos atabaques estamos clamando forças aos orixás, pois sabemos que a batalha não acabou. Um evangélico na SUPPIR prova que a nossa organização e conquistas incomodou alguns segmentos religiosos, mas não será isto que fará parar as conquistas da FENECAB para o povo de santo.

Quanto a Ana Lusia gritando no mini trio: ¨Moema 13, poder para o povo negro¨. Moema está eleita, o poder corremos atrás e a voz consciente não se cala.

* artigo enviado pela FENACAB ao grupo Folha.

segunda-feira, março 23

"Negros desorgnizados" Entre o discurso e a prática


A nomeação de um evangélico para assumir uma das direções da SUPPIR (Superintendência de Promoção da Igualdade Racial), foi o suficiente para desencadear uma tremenda insatisfação na comunidade negra laurofreitense, para com a política racial da prefeita Moema Gramacho

Lideranças negras dos mais diversos seguimentos culturais e religiosos, se dizem traídas e desaprovaram mais essa ação do governo municipal, que em nenhum momento se reuniu com esses movimentos, para compor o quadro diretivo desse órgão, que deveria atender as demandas do povo negro da cidade.

Em entrevista concedida a Folha Popular, o superintendente da Suppir, Ariosvaldo Menezes, defendeu a indicação da prefeita. Ele justificou dizendo, que o povo negro é desorganizado e que a Superintendência foi criada para atender as comunidades negras que são formadas por negros de diversos seguimentos culturais e religiosos. Disse ainda, que um evangélico negro, seria importante para a Suppir, porque melhoraria o diálogo do governo com os negros dessa vertente religiosa.

O Movimento Negro Unificado e a Posse PCE (Movimento Hip Hop) rejeitam a justificativa do superintendente e acusa o governo de incoerência. Segundo o movimento, o governo municipal usa a questão racial para angariar emendas e repasses federais para o município e nas justificativas desses projetos, o mesmo governo em nenhum momento se refere aos negros laurofreitenses como desorganizados. Como exemplo disso, o movimento negro cita, a emenda federal para construção da sede do DPIR no valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinqüenta mil reais). “Se o governo municipal dissesse no projeto que os negros de Lauro de Freitas são desorganizados, jamais o recurso teria sido liberado”.

O MNU e a PCE acusam também os negros partidários que não se posicionam publicamente sobre o fato. Estes na campanha eleitoral organizaram um ato intitulado “Marcha do povo negro” em favor da candidatura de Moema. No mini trio se ouviam gritos de Ana Luzia, fiscal da FENACAB “Moema 13, o negro no poder”. E agora Ana?

No universo dos decepcionados com a política racial, o povo de axé é o mais prejudicado e o mais envergonhado de todos, a final, até título sagrado foi concedido a candidata, na esperança que ela viesse a ser os “olhos” do povo de santo. Já a juventude negra não se surpreendeu com as posições do governo, que segundo ela, esses posicionamentos discriminatórios foram pré-anunciados tendo em vista os orçamentos e as estruturas disponibilizadas para os órgãos que deveriam atender as demandas do povo negro.

Jadilson Lopez, coordenador da Fenacab, diz que o governo municipal em nenhum momento discutiu com esse seguimento a indicação de um(a) representante para atuar no governo. Por outro lado, o governo insiste em dizer que há pessoas contratadas que representam esse seguimento no poder público. Jadilson diz ainda, que tentou várias vezes reunião com a prefeita, mais foi ignorado.

Alguns mestres de capoeira, que preferem não se identificar, para não sofrer perseguições por parte de integrantes do governo, dizem-se acuados com a política racial também. Eles questionam a participação no Pólo de Capoeira uma política pública criada pela Agencia de Desenvolvimento Econômico e pelo Dpir. Segundo esses mestres, o governo só dialoga capoeira se for via o Pólo.

O MNU convocará uma reunião ampliada para confeccionar um documento em rejeição da política racial do governo municipal de Lauro de Freitas.

segunda-feira, março 16

Politizando nossa morte



Politizando nossa Morte
Ato Político em Memória de Clodoaldo Souza e outr@s irmã(o)s vitimas da Politica Criminal do Estado


No dia 1º de março de 2007, Cleber Álvaro (21 anos), Clodoaldo Souza (21 anos), ao caminhar pela rua principal do bairro onde moravam, foram abordados por uma viatura da policia militar. Como era de rotina, obedeceram aos comandos da revista, sendo logo em seguida liberados. Meia hora depois, quando retornavam para casa pela da Estrada Velha do Aeroporto foram abordados por dois carros, com cerca de oito homens fortemente armados. Cleber e Clodoaldo, sem esboçar qualquer tipo de resistência, obedeceram acreditando de que se tratava de mais um dos baculejos da policia. Sem conceber nenhuma possibilidade de reação, os ocupantes deste carro, municiados de armas de diversos calibres, deflagraram vários disparos contra os jovens.

Clodoaldo Souza, lembrado hoje por nós, como Mc Blul, mesmo demonstrando sinais de que estaria rendido, foi sumariamente assassinado. Outro jovem, de identidade não revelada, foi atingido por um projétil na perna, mas conseguiu adentrar a mata que margeia a estrada e ganhar fuga. Cleber Álvaro, conhecido popularmente como MC Bronca, foi atingido três vezes ­– um projétil alojou-se em sua coluna, um em sua virilha e o outro atravessou a sua coxa.

Antes mesmo de qualquer investigação mais aprofundada, autoridades policiais informaram a alguns jornalistas que o crime correspondia a mais uma das rotineiros episódios que caracterizam a disputa por território entre traficantes de quadrilhas rivais. Para os meios de rapinagem jornalística, Blul e Bronka seria mais alguns jovens negros que poderiam ser facilmente etiquetados como criminosos e ter seus cadáveres expostos a contemplação massiva. No entanto, Blul e Bronka além de serem mais alguns jovens negros de periferia sem antecedentes criminais, eram artistas amplamente conhecidos pelo Movimento Hip Hop de Salvador.

Blul fazia rap e era militante do grupo Etnia e Bronka uma das principais vozes da banca MPS (Malokeir@s Para Sempre). Ambos demonstravam amplo conhecimento da dinâmica que orienta a criminalização de jovens negros de periferia e se colocavam em consonância com a Campanha “Reaja ou será Mort@!” Ainda no enterro de Blul, nos mobilizamos no sentido de rebater a versão da grande mídia e exigir das autoridades competentes reparação para a família destes jovens já que, pelo que tudo indica, a morte de Clodoaldo e a deficiência irreversível de Cleber foram decretadas por um grupo paramilitar de extermínio que atua nas cercanias da Estrada Velha do Aeroporto e que este grupo conta com presença de policiais.

Nossos esforços não foram apenas em enfrentamento aos que apertaram o gatilho que matou Blul, mas contra toda política de segurança que banaliza o extermínio de milhares de irmã(o)s. Nós organizações de movimento social, empenhadas na defesa de direitos de nossas comunidades, entendemos que o episódio que interrompeu de modo trágico a juventude de Blul e Bronka em sua fase mais produtiva não pode ser entendido como um caso isolado. Além do caráter seletivo das penas judiciais – que evidenciam um aparato normativo extremamente racista - podemos flagrar na dinâmica histórica da vida social brasileira, uma seletividade sócio-racial no que toca a aplicação de penas extra-judiciais, aplicadas sobretudo, por agentes policiais e/ou parapoliciais de extermínio.

Cleber permanece até hoje com duas das balas alojadas em seu corpo e sem nenhum tipo de reparação ou amparo legal oferecido pelo Estado. Não tivemos conhecimento sobre os resultados do inquérito que investigou a morte de Blul nem tampouco houve mudanças significativas da política de segurança. Esperamos que os ventos que sopram nesta quarta feira nos inspire a lutar por Justiça.

A memória de Blul representa a de tod@s aqueles que tiveram a sua vida interrompida meio à guerra que estamos enfrentando. Por isso conclamamos às nossas comunidades para acender velas e levar flores em memória de todos os jovens negr@s mort@s nestas circunstancias.

quinta-feira, março 12

Jambeiro, a cachoeirihna do fim do mundo


De fim de mundo jambeiro não tem nada. Essa comunidade fica a penas dez quilômetros do centro da cidade de Lauro de Freitas, a doze quilômetros do aeroporto internacional de Salvador e a apenas oito quilômetros do complexo universitário do município.

Essa idéia de fim de mundo é equivocada. O que falta a Jambeiro não é privilégio geográfico e sim respeito por parte de estado.

Quem mora em jambeiro, tem que se limitar ao ônibus que saí impreterivelmente as 20:30 de Vida Nova. Caso contrário, não chega em casa.
Quem mora em Jambeiro, à noite não pode cursar a faculdade que fica logo ali perto. Quem mora e Jambeiro não pode acessar a internet banda larga, pois a OI, empresa que tem a concessão do estado para oferecer o serviço, não disponibiliza o sinal àquela comunidade. Vale lembrar que logo a baixo, no condomínio Encontro das Àguas tem Velox pra todos.

Quem mora em Jambeiro, paga para postar uma correspondência no correio, mas o mesmo correio não entrega correspondências na casas dos cidadãos.
Jambeiro não é o fim do mundo não. Fim do mundo são as ações racistas do estado, do e das empresas que insistem em enxergar essa comunidade como uma sub-comunidade.

Jambeiro pode não ser dotada de casarões e condomínios de luxo. Pode não tem em sua população os grandes afortunados dessa cidade. Mas com certeza, é um povo rico de si mesmo. Possuidores de uma riqueza natural indescritível.
Jambeiro tem uma juventude que quer estudar e acessar a internet. Jambeiro tem um público consumidor que quer sair do Iguatemi as 21:00 horas e quer receber suas encomendas pelo correio.
Jambeiro tem um povo que quer assistir TV a cabo ao mesmo tempo em que a criançada toma banho na cachoeirinha.

segunda-feira, março 9

Projeto Político 2010

Ontem, a Posse de Conscientização e Expressão PCE (Movimento Hip Hop), o Movimento Negro Unificado, a Campanha Reaja e a Rede Ayie hip hop passaram o dia numa reunião que arquitetou o projeto político da juventude negra organizada de Lauro de Freitas para o pleio eleitoral de 2010.

Segundo componentes dessas organizações, o debate girou em torno da atual conjuntura da juventude negra laurofreitense. As mais relevantes informações dessa reunião não podem ser reveladas, mas podemos adiantar que o próximo passo dessa juventude será a intensificação do debate com figuras políticas da cidade que tem afinidade com as organizações citadas.

Os vereadores Luis Maciel e Manoel Carlucho já agendaram com a PCE. A asessoria do Deputado Federal Luis Alberto, parceiro potencial da PCE, acompanha de longe a movimentação da juventude negra de Lauro de Freitas.

quarta-feira, março 4

Ao Negro Blul*


Salve Negro Blul, meu parceiro. Passei este domingo, 1º de março pensando em você, pensando em suas rimas, repassando seu martírio e tentando entender essa cidade.


Escrevo essa carta como forma de tributo para te manter vivo. Assim, lembrado como um marco político de enfrentamento ao ódio racial instalado em Salvador.
Somos poucos, parceiro. Quando vejo mesmo, estamos sós no combate, enfrentando os inimigos. Os inimigos são poderosos e sanguinários. Portam documentos oficias e séculos de saques a nossas riquezas ancestrais.

Por aqui a cultura que era a matéria prima de sua atuação continua na mesma. Nenhuma política pública de cultura alcançou os bairros em que você circulava com suas roupas folgadas e rimas precisas. Nada! Nenhum centro cultural foi construído nesses dois anos, nenhuma ação permitiu a fruição cultural nas comunidades pobres em que mora gente com o nosso jeito; nada de intercâmbio cultural ou formação. O que tem além do carnaval do Apartheid e da polícia super preparada com armas que eu não sei nem pronunciar o nome? Só tem fabricação cultural, só lixo de mercado, mas eles celebram todo ano bons índices de cultura. Mentira.


O povo vai fazendo, do seu jeito, ação cultural de fato. E, entre balas e fome e a dengue, se prolifera, ante os territórios sem saneamento, uma cultura saudável que nos faz sobreviver.

Bronca tá bem, foi conosco pra São Paulo. Falamos de você por lá , cantamos Rap, trocamos experiências dolorosas com famílias que tiveram seus filhos e filhas e maridos e esposas tombados, vítimas da violência estatal. Fizemos um Tribunal, Blul, pra julgarmos o Estado que te levou à cova. E nos ligamos nacionalmente à gente boa de luta que não se vende e que não quer fazer pesquisa com nossa desgraça. Eu queria que você conhecesse os Guerreiros e Guerreiras de Acari. Muita responsabilidade.

Afro Jhow vai cantando e rompendo o silêncio da cidade e formando um clã de pretos orgulhosos. Seqüela agora se chama Lucas Kintê e rima como se fosse uma máquina de deletar traidores e bandidos. É um fenômeno na arte o velho Kintê.Salvador fica mais digna quando essa gente se junta. Do Outro lado? Muita gente se afogando no próprio sangue, nos campos de desova, nos corredores da morte instalados extra-institucionalmente, na tristeza de uma cidade que exclui com tons carnavalescos e alegorias bélicas a maioria.


A maioria somos nós Blul. Temos a mesma negrura na pele, mesmo que nos diversos tons a humilhação venha do mesmo jeito para quem recusa as graças do embranquecimento. Embranquecer aqui Blul parece que tem um significado mais tétrico, mais cabuloso, uma humilhação a mais para quem se arrisca.

É tão pesado o racismo que nos envolve em Salvador, que as almas mais generosas, mais guerreiras parecem que se rendem esperando algum prazer entre tanta violência que se espalha.

As balas crivaram seu corpo, mas abriram feridas profundas na cidade. Ela jamais foi a mesma. A cidade viu nascer outra lógica, outra força, outra, construída não como novidade mas herança africana de nos mantermos humanos nós que continuamos aqui na boa luta. Atentos na trincheira, te mandamos um salve, os parceiros de Pau da Lima, de Sussuarana, da Liberdade, da Cidade Baixa, todos te têm como um símbolo e é isso que te deixa perto de nós.

Sabe Blul, eu nunca perguntei qual era sua religião ou se você não tinha nenhuma....mas todas elas acreditam numa vida depois deste inferno. Se elas estiverem erradas, a atualização de sua memória toda vez que a gente luta vai te fazer eterno meu parceiro.
Ah! Lio tem escrito textos sobre a guerra que soam como orações para que sua alma nos mande sempre luz. Eu acendo velas vez em quando e escrevo sempre para que não se esqueçam



Hamilton Borges Walê
http://br.mc332.mail.yahoo.com/mc/compose?to=hamilton_africano@yahoo.com.br


*Negro Blul é o nome artístico de Clodoaldo Souza morto por grupos paramilitares de extermínio em 1º de Março de 2007 no Bairro de Nova Brasília no caso conhecido como matança de Nova Brasília.até agora nenhuma autoridade fala dos rumos da investigação. Se é que houve investigação