quarta-feira, outubro 27

RACISMO – INTOLERÂNCIA RELIGIOSA VIOLÊNCIA CONTRA MULHER – ABUSO DE AUTORIDADE-TORTURA


Sábado dia vinte e três de outubro de 2010, por volta das 14: 00 hora, um pelotão da Polícia Militar da Bahia, invadiu o assentamento D. Helder Câmara, em Ilhéus, levando a comunidade de trabalhadores e trabalhadoras rurais a viverem um momento de terror, tortura e violência racial.

Os fatos: Ao ser questionado pela coordenadora do assentamento e sacerdotisa (filha de Oxossi) Bernadete Souza, sobre a ilegalidade da presença do pelotão da polícia na área do assentamento, por ser este uma jurisdição do INCRA – Instituto Nacional e Colonização de Reforma Agrária e, portanto a polícia sem justificativa e sem mandato judicial não poderia estar ali. Menos ainda, enquadrando homens, mulheres e crianças, sob mira de metralhadoras, pistolas e fuzil, o que se constitui numa grave violação de direitos humanos.

Diante deste questionamento, o comandante alegando “desacato a autoridade” autorizou que Bernadete fosse algemada para ser conduzida à delegacia. Neste momento o orixá Oxossi incorporou a sacerdotisa que algemada foi colocada e mantida pelos PMs Júlio Guedes e seu colega identificado como “Jesus”, num formigueiro onde foi atacada por milhares de formigas provocando graves lesões, enquanto os PMs gritavam que as formigas eram para “afastar satanás”.

Quando os membros da comunidade tentaram se aproximar para socorrê-la um dos policiais apontou a pistola para cabeça da sacerdotisa, ameaçado que se alguém da comunidade se aproximasse ele atirava. Spray de pimenta foi atirado contra os trabalhadores. O desespero tomou conta da comunidade, crianças choravam, idosos passavam mal. Enquanto Bernadete (Oxossi) algemada, era arrastada pelos cabelos por quase 500 metros e em seguida jogada na viatura, os policiais numa clara demonstração de racismo e intolerância religiosa, gritavam “fora satanás”!

Na delegacia da Polícia Civil para onde foi conduzida, Bernadete ainda incorporada bastante machucada foi colocada algemada em uma cela onde havia homens, enquanto policias riam e ironizavam que tinham chicote para afastar “satanás”, e que os Sem Terras fossem se queixar ao Governador e ao Presidente.

A delegacia foi trancada para impedir o acesso de pessoas solidarias a Bernadete, enquanto os policias regozijavam – se relatando aos presentes que lá no assentamento além dos ataques a Oxossi (incorporado em Bernadete) também empurraram Obaluaê manifestado em outro sacerdote atirando o mesmo nas maquinas de bombear água. Os policias militares registraram na delegacia que a manifestação dos orixás na sacerdotisa Bernadete se tratava de insanidade mental.

A comunidade D. Hélder Câmara exige Justiça e punição rigorosa aos culpados e conclama a todas as Organizações e pessoas comprometidas com a nossa causa.

Contra o racismo, contra a intolerância religiosa, contra a violência policial, contra a violência à mulher, pela reforma agrária e pela paz.


Projeto de Reforma Agrária D. Hélder Câmara

Ylê Axé Odé Omí Uá

quinta-feira, outubro 14

Reaja ou Será Mort@- Mais do Mesmo em Ano Eleitoral


O anúncio da morte de dois jovens negros, Tiago Santos e André Cardoso, militantes do Movimento Hip Hip de Salvador, articuladores comunitários moradores do Alto do Coqueirinho em Itapoã, por uma guarnição da policia militar do Estado da Bahia que fazia suas sistemáticas blitz fatais confirmou o que dizemos em nossa luta cotidiana contra a política de genocídio e racismo que opera nesse Estado. Independente da coloração ideológica de quem ocupa o Palácio de Ondina trocamos seis por meia dúzia e ainda contamos cadáveres. Não tem nada de profético nas coisas que falamos em nossas análises que registram os fatos dessa época tumultuada pelo racismo e pelo genocídio dos negros e negras.

Uma semana antes das eleições, um grupo de entidades pomposamente auto-proclamada Movimento Negro fez uma passeata de apoio ao governo: puro vapor! O governo não disse uma linha sobre agenda racial nas eleições e eles marcham para ser notados pela casa grande, uma mentalidade adesista que encontra oposição em nível nacional ainda que esses setores declarem com certo nível de esquizofrenia que falam pelos negros do Brasil. NÃO EM NOSSO NOME !!! É o que exigimos. Falem por si , nos deixem em paz em nossa guerra.Somados aos nomes de Tiago Santos e André Cardoso mortos covardemente por policiais militares do governo do Estado da Bahia acrescentamos os nomes daqueles que nãopodem ser esquecidos nessas manifestações.

Clodoaldo Souza , 22 anos, morto por um grupo paramilitar, 09 tiros. Ricardo Matos , artista circense morto por uma guarnição da policia militar no bairro Boca do Rio. Dejair , morto por uma guarnição da policia militar na comunidade conhecida como Pela Porco. Lucas, Rodrigo, Diego,Marcelo, Luiza, Marcus, Antonio...pode ser qualquer um, pois nenhum negro está a salvo. Por fim Evangivaldo Santos (irmão de Xarope) morto por uma guarnição da Rondesp, 9 tiros pelas costas. Cezar Nunes, Secretário de Segurança tinha assumido naquela semana e afirmou que Evangivaldo resistiu, abrindo com o sangue desse jovem as Operações Saneamento I e II, que seguem executando jovens negros numa ação digna das doutrinas eugênicas de Nina Rodrigues e Lombroso.

Diante de todas as mortes nós da Campanha Reaja nos posicionamos e continuamos a cobrar apuração e punição dos culpados.

Por isso exigimos:

· O Fim da Policia Militar num Estado Democrático de Direito(Agenda Nacional que exigiremos de nossos aliados na Câmara dos Deputados , junto com as organizações aliadas );

· Imediata demissão do Secretário de Segurança Pública Cezar Nunes e dos Oficiais do Comando da Policia Militar, responsáveis diretos pela ação de seus subalternos, como demonstração do Governador de que ele quer mudar sua política racista e genocida de segurança pública;

· Imediata mudança da política carcerária do Estado garantindo o princípio da legalidade e da dignidade dos prisioneiros e prisioneiras, que a cda dia tem sido violada;

· Imediato fechamento da Colônia Penal de Simões Filho que viola o princípio da prevenção com seus gazes que podem vazar e seu esgoto que transborda para uma comunidade quilombola


Nós, da Campanha Reaja, nos posicionamos frente a possível retomada dos setores medievais teocráticos e racistas que esperam retornar ao comando do governo brasileiro, mas não aderimos sem críticas a setores que não reconhecem a agenda da população negra como estratégica. Nós, da Campanha Reaja, apoiaremos e participaremos de toda ação que busque dar visibilidade a situação de violência a que estamos submetidos e mudar a lógica em curso sem nos dobramos ao pragmatismo eleitoral que silencia vozes importantes de nossa história política.


Salvador, Bahia, Brasil
Outubro de 2010

quinta-feira, outubro 7

Em 2 dias polícia mata 6 em Itinga

Definitivamente é o fim. Não há mais o que escrever nem reclamar. Matar jovens negros virou o principal programa da polícia baiana. As execuções acontecem a todo o momento, em qualquer lugar, a qualquer hora do dia. Não temos a mínima chance de defesa, nem se quer suplicar podemos.

Não há investigação, não há processo, não há mandado. A polícia faz o que quer e engane-se quem pensa que está fora de controle. É tudo calculado, o comando deu carta branca e o governo compartilha com as chacinas.

Agora a pouco quarto foram executados no Fazendão, perto da Sede do Esporte Clube Bahia - Itinga, uma das vítimas era uma mulher.

Precisamos enquanto juventude organizada dá a nossa ultima cartada. Ainda temos o voto do dia 31 como arma. Se eleger Dilma significar a continuidade dessa matança, como está sendo a reeleição de Wagner, aconselho que nosso voto seja nulo. Não podemos compartilhar, nem assinar esse cheque.

Antes de declaramos nosso voto à candidata de Lula, ela terá que dá um basta e colocar uma coleira na polícia baiana. Não aguentamos mais contar cadáveres. Será que o estado brasileiro não tem outra ferramenta pra lhe dá com os jovens negros que não seja o fuzil?

Campanha Reaja