terça-feira, junho 15

A teoria da conspiração da violencia


Não é o crack coisa nenhuma, isso é essa conversa fiada. O problema é outro, o pano de fundo está bem escondido, escamoteado, camuflado. O fator que gera a violência em nossas comunidades é outro e está diretamente ligado ao racismo e o grande capital.

A propaganda do governo da Bahia, que diz que o crack é responsável por 80% dos homicídios no estado é uma campanha mentirosa. O crack é apenas uma ferramenta muito bem utilizada pelo estado brasileiro no sentido de providenciar os interesses do grande mercado.

Para uma melhor compreensão dessa nossa teoria, vamos citar como exemplo o bairro de Portão, situado na cidade de Lauro de Freitas. Vejam só senhoras e senhores leitores, que esse bairro está localizado geograficamente numa importante região econômica da cidade. Portão é banhado pelo Rio Joanes à direita, à sua frente uma importante BR, conhecida como Estrada do Côco, além de fazer fronteira com o imponente condomínio Encontro das Águas a sua esquerda. Condomínio esse, que abriga casas de 1 milhão de reais onde moram personalidades como Ivete Sangalo, Bel do Chiclete com Banana, Netinho e por aí vai.

Para o grande capital é inadmissível, que um empreendimento dessa magnitude tenha como fronteira um bairro cheio de gente pobre e preta que mora em casas que valem 50 mil. Por esse motivo é preciso à aplicação de uma política de expulsão. Na concepção do estado e seus administradores, a comunidade de Portão precisa ser relocada. Precisa ser levada para um terreno qualquer perto das Cajazeiras ou na BR 324.

Mas como fazer para remover uma comunidade inteira sem chamar a atenção de organismos internacionais? É aí que entra o crack. Com o aumento da violência e o crescente número de homicídios, a população amedrontada começa a colocar seus imóveis a venda. Os urubus carniceiros adquirem essas casas a preço de banana, destroem tudo para logo em seguida ampliar o condomínio.

Outro exemplo desses pode ser visto em São Cristóvão, naquela comunidade que a imprensa e as autoridades insistem em chamar de Planeta dos Macacos. Essa comunidade em São Cristóvão com certeza não resistirá ao Shopping, que está sendo inaugurado em outubro, e nem a copa do mundo de 2014.

Aquele espaço perto do aeroporto internacional e próximo a principal avenida de acesso ao centro da cidade de Salvador, precisa ser ocupado por hotéis de luxo e restaurantes chick. Mas como remover mais de 20 mil habitantes que mora ali há tanto tempo? A resposta é o crack. É só lançar o crack ali dentro e depois mandar a Rondesp dá tiro na cabeças dos “traficantes” e usuários. De preferência é bom matar dentro de casa, pois assim, a repulsa por parte dos familiares é maior. Ninguém quer morar num espaço onde um ente querido fora assassinado. Depois disso é só oferecer qualquer dinheiro que a casa estará a venda.

Essa é a Teoria da Conspiração da Violência. E não é novidade, basta tão somente analisar a história. Foi assim que o estado norte americano agiu com os Panteras Negras. O governo estadunidense injetou heroína nas comunidades negras e pobres para conter o avanço das Panteras.

Foi assim também numa comunidade chamada Higienópolis em São Paulo. Vejam que o nome desse nobre bairro é conseqüência de uma política de higienização praticada pelo governo do estado, através de uma política de segurança pública bem parecida com a OPERAÇÃO SANEAMENTO do governo petista de Jaques Wagner aqui na Bahia.

Agora a história se repete, o crack é injetado em nossas comunidades com objetivo de expulsar nossa gente de suas localidades, dando espaço à expansão imobiliária. Tudo isso alicerçado no racismo e com aval das autoridades constituídas que além de trair o povo, tenta ainda, minimizar a situação criando bode expiratório (crack) no sentido de escamotear o foco real.

Ricardo Andrade
Campanha Reaja
Movimento Negro Unificado
Posse PCE – Hip Hop