Lauro de Freitas, vive o paradoxo de duas cidades, uma negra na
periferia e outra branca no centro e orla. Estas duas cidades fazem parte do processo
civilizatório da cidade desde do seu começo, tendo a cidade participado do
ciclo da cana de Açúcar no final do Século XVIII, mas não conseguiu incluir de
forma orientada os saberes e conhecimentos do povo negro, no processo de
desenvolvimento da cidade. No final dos anos 70 com a expansão imobiliária de
Salvador, mas uma vez viu-se a chegada de mais negros em Lauro de Freitas,
trazendo seus fundamentos religiosos, para cidade , que era
uma grande reserva verde, nos anos 80, mais uma vez houve um crescimento
populacional em Lauro, com a chegada dos Condomínios de Classe Média,
construídos por mãos negras, que foram morar na periferia da cidade.
Ao
longo do tempo, estas diferenças aumentaram, gerando uma pressão social,
emocional e econômica na periferia da cidade, que viu chegar situações de
riscos sociais, sem que haja do Poder Público, a compreensão que é preciso
valorizar as grandes contribuições civilizatórias do povos afro descendentes
que são maioria na periferia da cidade, esta falta de alternativa e de
políticas direcionadas para valorização da arte, da cultura, dos conhecimentos,
dos saberes e fazeres, das tecnologias e da criatividade, fazem surgir um
acirramento entre as pessoas que vivem nos territórios periféricos da cidade,
gerando um problema social, que precisa de saídas criativas, capazes de
estimular sobre tudo a juventude, que é mais atingida por esta situação, que a REVER
DUDU, esta tentando com este evento, criar um pacto de entendimento, a partir
de debates, que estimulem um novo olhar político destes jovens para a cidade
que vivem, observando que os mesmos podem se organizar a partir de temas, mais
recorrentes para o desenvolvimento de suas vidas e do Município onde vivem e
moram.
Com
o II Encontro Juvenil de Lauro de Freitas pretendemos criar um espaço de
diálogos com os grupos “famílias” existentes no bairro de Itinga. A proposta é
proporcionar a esses jovens um contato com organizações sociais que desenvolvem
trabalhos em suas comunidades. Com isso, acreditamos que os mesmos serão
provocados a pensar suas comunidades numa perspectiva de transformação.
Ao
final do projeto, eles devem está aptos a repensarem seus papeis e participação
nas comunidades onde moram. Serão conscientizados que o comportamento e as
ações da juventude hoje, influenciarão e definirão a sociedade de amanhã.
Ricardo Andrade
Movimento Negro de
Lauro de Freitas
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