Negros são as principais vítimas de homicídios no País, revela estatística sobre violência
No mês em que se comemora o Dia Nacional da
Consciência Negra, o enfrentamento à violência contra os negros ganha força e
espaço para discussões em todo o País. Uma pesquisa de opinião pública,
divulgada na semana passada pelo DataSenado, mostrou que a maioria da população
brasileira acredita que os homicídios de brancos e negros ocorrem na mesma
proporção. Em contrapartida, as estatísticas comprovam que essa proporção é
desigual e crescente. O Mapa da Violência 2012 revela que o número de
homicídios de vítimas negras cresceu 23,4% entre 2002 e 2010, enquanto o de
vítimas brancas caiu 27,5% no mesmo período. Entre os jovens, os números são
ainda mais alarmantes.
Dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM)
do Ministério da Saúde revelam que, apenas em 2010, mais da metade dos
assassinatos registrados no Brasil (53,3%) foi de vítimas com idade entre 15 e
29 anos. Entre elas, 75% eram negras. "Para a polícia, o jovem negro já é
culpado", afirma Rosana Aparecida da Silva, secretária de Combate ao
Racismo da Central Única de Trabalhadores (CUT) em São Paulo. Na opinião dela,
projetos para capacitar os profissionais que lidam com os jovens,
principalmente a polícia, são necessários.
Diante dos altos índices, o Comitê Contra o
Genocídio da Juventude Negra, que reúne mais de 30 organizações de defesa dos
direitos humanos, elaborou uma carta-manifesto para chamar a atenção da
sociedade sobre o atual cenário de violência. O documento alerta que os
assassinatos têm sido sistemáticos e incidem, em especial, sobre a etnia negra.
Cita, por exemplo, que a polícia foi responsável por 20% dos homicídios da
capital paulista no primeiro trimestre deste ano. "O nosso objetivo é
tentar, o quanto antes, acabar com o genocídio e extermínio de um grupo, uma
etnia. Sem dúvida, o número de homicídios é maior do que o que mostram as
estatísticas", afirma o pesquisador e militante do comitê, Ailton Santos.
Entre as
ações em âmbito federal para tentar reduzir as estatísticas, a secretária de
Políticas de Ações Afirmativas, Ângela Nascimento – da Secretaria de Política
de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) –, destaca a criação do
"Juventude Viva", um plano de enfrentamento à violência por meio de
ações nas áreas da educação, saúde, cultura, esporte e acesso à Justiça.
"É uma oportunidade de fortalecer a política nacional da igualdade racial
e, sobretudo, uma ação articulada com a sociedade", explica Ângela.
Sancionado
em 2010 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois de tramitar
durante 7 anos no Congresso Nacional, o Estatuto da Igualdade Racial foi um
ponto de partida no combate à discriminação e no compromisso do Estado
brasileiro em promover políticas públicas, na opinião de Ângela. Para Alexandre
Braga, presidente da União de Negros pela Igualdade (Unegro) de Minas Gerais, a
aprovação foi uma vitória. "A grande conquista é ter um marco regulatório
que norteia as ações governamentais no campo étnico-racial. Na prática, a população
negra vivia excluída do processo social", afirmou o africanista,
secretário nacional de comunicação da Unegro.
Fonte: http://www.folhauniversal.com.br/geral/noticias/racismo-mata-15896.html#vbtAmigo
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