terça-feira, dezembro 2

Política pública branca e política pública negra


Política pública. Essa expressão virou grito de guerra de gincana ginasial. É política pública pra lá, política pública pra cá e só se fala nisso. Esse engodo de política pública é conversa pra boi dormir enquanto a vaca vai pro brejo.

Política pública não resolve nosso problema enquanto homens e mulheres negras. Primeiro, porque são políticas tímidas e sem poder financeiro. Um monte de tapa buraco que serve de cabide de emprego pra um monte de negros e negras em estado de demência. Quando a tal política tem grana, normalmente é gerenciada por ONGs. A intenção pode até ter consciência negra, mas a gerência é sempre branca, o Pronasci que o diga.

Nosso problema está na formatação do estado brasileiro. Essa nação foi pensada pra branco, e nós negros somos os elementos que resistiram as políticas de extermínio e genocídio lideradas pelo estado.

Quando o projeto de nação foi pensado, os “depostas clariados” não contavam com nossa presença. O Brasil não foi projetado, arquitetado, pensado, esquematizado, desenhado ou delineado para nós negros. Nossa presença aqui era uma questão de tempo. O projeto de nação brasileira é um projeto branco onde nossa presença é estranha.

Por isso não acredito em paliativos. Temos que nos debruçar sobre a questão maior. Temos que repensar esse modelo de estado. O projeto de nação precisa ser redefinido. Não se joga sinuca em mesa de totó. Não conseguiremos incluir negros num projeto que não foi pensado pra negros. Essa proposta de adaptação é fajuta.

Os negros e negras, a grande maioria, dos que compõe governos e administrações públicas, se furtam desse debate. Não tem coragem de colocar seus patrões contra a parede e exigir mudança de rota. Preferem ficar dando dipirona contra a dor enquanto o estado decepa nossas cabeças.

A velocidade com que as políticas públicas brancas se movimentam é bem mais acelerado que essas outras ineficazes políticas públicas negras. Veja quantos jovens negros morrem por dia e veja quantos entram na faculdade. Resultado das tais políticas.

O ultimo Relatório Anual das Desigualdades Raciais 2007-2008, divulgado mês passado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, afirma que três pessoas negras morrem por hora no Brasil. De acordo com a pesquisa, no período de 1999 a 2005, cerca de 15,5 mil brancos foram assassinados. Entre os negros, no mesmo período, o número de homicídios foi de 27, 5 mil.

Agora que as atividades festivas da consciência negra passaram, sugiro debruçarmos sobre essa temática. A Posse PCE (Movimento Hip Hop) realizará uma série de atividades esse mês pautando essa temática.

Aguarde calendário.

Ricardo Andrade
Ministro de Comunicação da Posse PCE
Militante do MNU
Fórum Baiano de Juventude
Aspap (Associação de Parentes e Amigos de Presos)
Rede Ayiê Hip Hop
Campanha Reaja

Um comentário:

  1. Seria legal q alguem tomasse a iniciativa de propor oficialmente o compromisso de metas a aos orgãos q sustentam esta politica ultrapassada assim dando mais uma carta de cobrança as instituições e pessoas que ja reinvidicam por melhorias na atuação do governo.

    e peço a Ricardo como cidadão deLauro de Freitas retrate algumas pessoas do municipioalem de você que tem relações com a proposta desse diferencial de politicas públicas.

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