quarta-feira, abril 28

RONDESP ataca mais uma vez




A violência sem duvida tem sido um dos maiores problemas que a Bahia tem enfrentado nos últimos anos, aquilo que nós víamos apenas no noticiário nacional é presença constante em nossas vidas, em nossas casas e em nossas comunidades.

A Bahia vem sendo vítima constante de violência seja por parte de gangues armadas que disputa o poder a base de tiros ou mesmo por partes de maus Policiais que atiram para em seguida perguntar quem é o morto sem nenhum tipo de investigação prévia. Em tempos de Pronasci, além de outros tipos de ações para melhorar a segurança pública no país, consegue-se identificar ações de barbárie que não condizem com o perfil de sociedade organizada que desejamos mostrar para o mundo.


Domingo dia 18 de abril de 2010, na localidade chamada Jardim Tarumã em Itinga - Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS), por volta das 14h30min populares presenciaram uma tentativa de execução contra dois jovens por parte de uma unidade policial denominada RONDESP que tem como meta, extinguir e aniquilar a juventude de periferia. Força essa que tem uma sanha desenfreada e homicida que não hesita nunca antes de atirar, verdadeiros capitães do mato travestidos de policiais, que desonram e humilham a farda que vestem.


Os Policiais da RONDESP, viatura 4.0104 perseguiam dois jovens que tinham entre 18 e 23 anos e estavam em uma moto sem capacete, em seguida, deram o sinal para que os jovens parassem, e ao mesmo tempo não deu a eles, tempo suficiente para que os mesmos cumprissem a ordem, efetuando um disparo a cerca de 3 metros de distância e pelas costas. O projétil perfurou as costas do carona e atingiu também o piloto, que se encontra com a munição alojada, sem poder fazer a remoção sob risco de ter sua coluna afetada.


Ambos caíram alvejados, os policiais pediram aos populares que se encontravam presentes em um bar às 14h30min e outros que estavam na frente de suas casas, saíssem da rua para que eles pudessem segundo moradores, terminar o que haviam começado, não foram atendidos já que as pessoas ali presentes negaram-se a sair pedindo para que os jovens não fossem executados. Os populares pediram para socorrer os garotos e foram obrigados pelos policiais então a carregarem os garotos e colocar no fundo da viatura, em seguida os mesmos disseram aos populares que estavam levando os jovens que se chama Luís Antonio Marcelino Filho e Renivaldo Santos e Santos para o hospital Menandro de Farias na Estrada do Coco onde os jovens permaneciam internados, o segundo foi transferido para o Hospital Geral do Estado em estado gravíssimo até o domingo à noite.


É importante ressaltar que o único crime que supostamente os jovens cometeram foi o de estar sem capacete, ambos não estavam armados e sem duvida alguma e em momento algum tentaram contra a vida desses policiais, embora eles (policias), cruelmente e com o intuito de justificar o seu ato homicida insistissem a todo o momento em afirmar. É importante que ninguém se surpreenda caso, no trajeto para o hospital ou mesmo delegacia uma arma fosse plantada, para prejudicar os garotos e mais uma vez colocar a nossa polícia como defensores da justiça, paladinos da moral e dos bons costumes.


Será que nunca questionam como na Bahia os meliantes estão sempre em troca de tiros constantes com a famigerada RONDESP, que sempre justifica dessa maneira as suas operações sempre, na grande maioria das vezes, com vítimas entre 12 e 29 anos.


O sentimento que fica é de revolta e impotência já que nada se pode fazer contra aqueles que detêm o poder de vida e de morte, carta branca dada pelo Estado sobre populações mais carentes. Quem é pago para nos defender são os mesmos que promovem a bagunça, a violência e o assassinato, ações as quais a sociedade vem tentando sem êxito se livrar.


Tenho um filho de 18 anos e fico imensamente preocupado, já que hoje foi o filho de alguém e amanhã pode ser o de qualquer um, até mesmo o meu. Sem querer generalizar, pois sei que nem só de maus policiais é feita a PM da Bahia, mas sinceramente gostaria de ver algum tipo de providência sendo tomada contra esse tipo de policial que na verdade é um louco, capitão do mato travestido de policial militar, covarde e pior... assassino! Muito mais nocivo do que benéfico a uma sociedade que se esforça para imitar constantemente os países de primeiro mundo e precisa urgentemente mudar suas praticas em relação aos mais carentes.


Não podemos mais conviver numa sociedade que insiste a todo instante que somos cidadãos de 2ª classe, uma elite perversa que faz com que o único órgão do poder que chega até essas comunidades seja justamente o seu braço armado, representado hoje rigorosamente por assassinos treinados e que vestem a farda da policia militar do Estado da Bahia.


“Estamos por nossa própria conta”! Mas com certeza a população de periferias, guetos e favelas não querem continuar assim, já que essas populações pagam impostos tem deveres, mas também com certeza tem direitos que precisam a todo custo se fazerem respeitar.


Sei que a missão desse povo é resistir e assim vai ser até que nos extermine por completo ou passem a nos enxergar como cidadãos de 1ª classe.

“A Ética enviesada da sociedade branca desvia enfrentamento do problema negro” Milton Santos

C. R.
Assessor Parlamentar e estudante de Engenharia da Computação

segunda-feira, abril 5

Lauro de Freitas, aqui a lei não pegou.


A lei 10.639 que institui a história da África nas escolas públicas de todo o Brasil, não está em vigor no município de Lauro de Freitas e o racismo impregnado no governo é a principal causa. O governo de Moema Gramacho sofre de um terrível mal chamado de “a síndrome do primeiro”. O marketing institucional é bem feito. A propaganda do governo ecoa muito bem, mas na prática as coisas não funcionam. Na teoria temos a “melhor prefeita da América Latina”, fomos à primeira cidade a realizar a Conferencia de Igualdade Racial, fomos os primeiros a realizar as audiências do PRONASCI e por aí vai....

Nessa mesma linha, Lauro de Freitas publicou que foi a primeira cidade implantar a lei 10.639 na Bahia. Servimos até de espelho para outros municípios, mas na hora do real, foi o racismo que prevaleceu. O governo alegou não ter dinheiro pra comprar o material didático, necessário para professores trabalhar em sala de aula.

A situação só não é pior graças aos esforços quase que individuais de pessoas que estão verdadeiramente comprometidas com a questão racial e conseguem desenvolver atividades a partir de suas experiências e ferramentas pessoais.

Em entrevista concedida a nossa redação, o superintendente da SUPPIR (Superintendência de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), Ariosvaldo Menezes afirmou não ser possível aplicar a lei sem o material didático. Menezes disse ainda, que a SUPPIR cumpriu seu papel ministrando junto à secretaria de educação o curso para cerca de 200 professores que foram capacitados a aplicar a lei em sala de aula. Ainda segundo Menezes, a SUPPIR cotizou e apresentou à secretaria de educação a coleção: A África está em nós – da Editora Ática.

O secretário de educação Paulo Aquino, nos disse que acatou a proposta da SUPPIR e encaminhou solicitação de compra para a Fazenda, a secretaria do racismo municipal. É nessa secretaria que o racismo está explícito. É sempre lá que as coisas travam. Quem não lembra quando o secretário desta pasta, cujo vulgo não merece ser mencionado, disse que as ações de promoção da igualdade racial são gastos desnecessários para os cofres públicos? Agora ele repete sua faceta dizendo que a compra do material didático não é prioridade no orçamento.

Mas engana-se quem pensa que a responsabilidade pela não aplicação da lei em Lauro de Freitas seja deste secretário. Não me lembro de ter visto o nome desse senhor na urna eletrônica quando depositei meu voto em Moema Gramacho, sendo assim, a responsabilidade pelas ações racistas desse secretário é exclusivamente da gestora municipal, que precisa urgentemente se pronunciar e dá respostas a sociedade laurofreitense.

Estive nas cidades de Maragogipe e Cruz das Almas que se espelharam em nosso “pioneiro exemplo” e constatei que lá o material didático já foi comprado e distribuído nas escolas, e olhe que lá nem teve esse marketing todo, mas funciona de verdade.
Se não bastassem os 500 anos de atrasos a que fomos submetidos, temos ainda que passar pelo constrangimento de ouvir que nossa demanda não é prioridade, e isso, num governo que se julga popular.

Ricardo Andrade
Posse PCE
Movimento Negro Unificado
Campanha Reaja ou Será Mort@