sexta-feira, novembro 18

 
 
20 de Novembro Dia Nacional da Consciência Negra
Quilombo Xis –Ação Cultural Comunitária pela vida , pela liberdade  contra o racismo e o neo-colonialismo e o encarceramento
 
Nós, Quilombo Xis- Ação Cultural Comunitária, espalhados pelas ruas, vilas, cadeias e favelas, cuja maioria a voz não é ouvida, cuja maior parte tem sido espoliada, a maioria encarcerada, a maioria subjugada pelo Estado Brasileiro e seus lacaios assentados em governos racistas. Nós, que vivemos diretamente o rigor de uma sociedade racista, homofóbica, sexista e segregacionista, celebramos nesta semana o caráter revolucionário e intransigente de Zumbi dos Palmares, Aqualtune, Dandara e Andalaquituxe. Líderes do Quilombo dos Palmares, líderes de uma experiência panafricana de libertação que nos inspira uma luta real contra o racismo, o bom combate, a busca sem massagem por dignidade humana para todos e todas. Não soltamos rojão para os supostos avanços da agenda racial celebrados por funcionários negros e brancos dos governos. Os avanços são tão parcos que não nos motivam outra atitude, a não ser a luta. Os supostos avanços não conseguem parar a matança contra nosso povo, os avanços ainda não se configuraram em terras para os trabalhadores rurais e a devida posse para os quilombolas signatários desta data. Os avanços assistem em silêncio a utilização de negros e negras como insumos do empreendimento industrial carcerário que mantêm neutralizados milhares de homens e mulheres negros em sua fase mais produtiva. Os avanços são uma farsa montada para nos fazer parar a marcha dos negros e negras para a nossa  verdadeira libertação.
Exigimos ainda reparação histórica e humanitária pelos séculos de trabalhos forçados. Exigimos a responsabilização do Estado Brasileiro pelo crime de lesa humanidade que vem sendo praticado desde o período colonial e ainda hoje nos aniquila.
 
O 20 de novembro para nós tem um significado de amor a causa de liberdade. O 20 de novembro é uma celebração de luta, de ação das pessoas que estão colocadas desde baixo, as pessoas mais vulneráveis aos efeitos do racismo, ou seja, nós: prisioneiros, prisioneiras, travestis, moradores de rua, esfarrapados, desempregados  que sobrevivem nas ruas. Os usuários do SUS morrendo por doenças evitáveis ou há muito erradicadas; as vítimas dos “baculejos” e achaques da polícia; os suspeitos padrão, os jovens guardados nas instituições de seqüestro (Case, Fundação Casa, FEBEM , Penitenciárias, Manicômios). Enfim, falamos aqui como parte da realidade que o racismo constrói, em nome próprio, por nós mesmos.

quarta-feira, novembro 9

Ação Intramuros

Circuito Cultural em Alusão ao dia Nacional Pró- Saúde da População Negra e Conferencia Livre de Cultura

Local: Colônia Penal Lafaiete Coutinho, Penitenciária Lemos de Brito, Conjunto Penal Feminino





Realização: Quilombo Xis -Ação Cultural Comunitária







quinta-feira, outubro 13

Referência negada


No dia sete de outubro as estrelas vermelhas petistas brilharam no ato de filiação de mais de noventa novos militantes, que aderiram ao projeto PT em Lauro de Freitas. Nesse ato, uma dessas novas estrelas se destacava. João Oliveira, o vice-prefeito, vestia pela primeira vez a camisa vermelha do PT.

Mas além do vermelho predominante, estrelas de outras cores também reluziam seus brilhos, afirmando presença naquela noite de quinta feira. Estrelas de brilho enegrecido e de grande valor desfilavam na constelação petista laurofreitense.

Tom Zé da Bahia, Reginaldo Fuscão, Menezes, Ricardo Andrade, Ester Pinheiro, Taísa, Sonia, Suli Nascimento, Sandra Regina, Apio Vinagre, Yogi Nkrumah, Erica Capinan e tantas outras estrelas de incandescência negra afirmaram a presença afrodescendente no ato de filiação petista que já trazia em seu conteúdo o start do processo eleitoral de 2012.

Foi nesse mesmo ato político e de reconfiguração do projeto político, que esses militantes negros tiveram sua atenção despertada para a negação da referencia afro-brasileira que desreispeitosamente vem acontecendo no Espaço Mãe Mirinha de Portão. Relatos evidenciam que esse espaço cultural e de referência da Cultura Afro-brasileira, que fora construído, ampliado e reformado com recursos federais, a partir de emendas do deputado negro Luiz Alberto, vem sendo subutilizado por grupos evangélicos que insistem em negar os símbolos e emblemas que são pertencentes ao seu projeto inicial.

Pastores, bispos, diáconos e representantes evangélicos que atendem por outros títulos, solicitam o Espaço de Referencia da Cultura Afro-brasileira paras os mais diversos fins como casamentos, encontros, vigílias etc e insistem em cobrir as imagens que simbolizam a identidade daquele espaço com panos e cortinas. Escondem as imagens dos orixás atrás das pilastras, viram os símbolos e os quadros com a frente para as paredes escondendo-lhes a face.

Cobrir as imagens dos orixás com panos, virar a face dos quadros e dos símbolos para a parede escondendo-lhes a face é promover a negação da identidade de nosso povo e o mais grave é que isso acontece dentro do Espaço de Referencia de nossa identidade.

Foi importante essa denuncia acontecer na quinta feira, no ato de filiação das novas estrelas do PT. A estrela do PT é o símbolo máster desse partido e jamais poderá ser coberta ou virada para a parede. A estrela tem que brilhar e se afirmar cada dia mais na sociedade assim como os símbolos que afirmam a identidade do negro também precisam ser afirmados.

A superintendência de Promoção da Igualdade Racial, órgão do governo que administra o Centro de Referencia da Cultura Afro-brasileira em Lauro de Freitas precisa se pronunciar publicamente sobre o episódio e garantir que nossa identidade não seja negada. A estrela que tremula majestosamente na bandeira vermelha e não se permite ser negada, precisa garantir que outros símbolos importantes se afirmem em sua gestão.

Ricardo Andrade
Editor

domingo, setembro 18

Réplica


Sem a intensão de provocar polemica ou similares, sinto-me na necessidade de expor um ponto de vista contrario ao da senhora prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, no que tange as dificuldades enfrentadas pela juventude atual e a que enfrentou a ditadura militar na década de 60.  
Segundo a prefeita, hoje é muito mais fácil se organizar do que foi nos anos de ditadura. As estruturas nos dias atuais estão mais disponibilizadas e o acesso à informação é bem maior. Fato, que em tese, facilita a organização social no presente.
Temos um pensamento contrário. Não vamos aqui ser presunçosos aponto de identificar nossa luta atual como mais difícil. Mas com certeza não é mais fácil.
Apesar desse aparato logístico e da facilidade na obtenção informações, a juventude atual enfrenta um elemento novo que é quase nocivo às estruturas organizacionais: o estelionato ideológico.
Na época de ditadura era fácil definir quem era quem. Havia uma nítida separação de ideias e pensamentos. De um alado, um governo autoritário e de direita, do outro, jovens estudantes com princípios de liberdade e democracia.
Hoje está tudo muito confuso, ninguém sabe direito quem é quem. As coisas mudam e desmudam de forma leviana. Veja o caso da CPMF por exemplo. Vejamos o exemplo do governo do estado que inaugura um Pacto pela Vida e no mesmo mês aumenta o recurso para comprar fuzis e munição.
Acredito ser mais difícil promover a luta e organização social em ambientes controverso e indefinido.

Ricardo Andrade
Mov. Hip Hop

Juventude petista realiza encontro municipal


Participamos do congresso municipal da Juventude do PT, realizado nesse sábado (17) na UNIME em Lauro de Freitas. Foi um momento importante para a juventude dessa cidade, pois foi a pontado um conjunto de ideias que deverão servir de pauta nas ações do futuro governo.
As falas de alguns membros históricos do PT revelaram o papel desse partido na busca pela “democracia” em nosso país. A atual secretária de desenvolvimento social, Lourdes Loubo evidenciou a dramática situação de risco em que a juventude dessa cidade está exposta. “se não tomarmos providencias imediatas, vamos ter um vácuo nesse município... estão matando os jovens”. Lourdinha revelou ter um mapa com números dos sepultamentos de jovens realizados no município.
Outra fala que merece destaque foi a da prefeita Moema Gramacho que resgatou a luta da juventude, principalmente no período da ditadura. Segundo prefeita, as condições na época da ditadura eram bem mais difíceis que as atuais e que hoje é mais fácil se organizar e fazer a luta social pelo que acreditamos.
O vereador Lula Maciel, Santinho, Antonio Lírio e Marta Cordolino também prestigiaram a juventude que estava bem representada por militantes de diversas regiões da cidade.

terça-feira, setembro 6

O metrô e a meia passagem


O movimento hip hop acaba de propor ao presidente da Câmara municipal de Lauro de Freitas, vereador Rosalvo, a ampliação da pauta no debate que discutirá mobilidade e a extensão da linha do metrô até o bairro de Portão.

Consideramos superinteressante esse debate e sabemos que será uma batalha enorme, pois está em jogo interesses políticos, administrativos, financeiro e etc. E, como toda grande batalha demanda tempo, entendemos que uma outra pauta, que requer muito menos esforço e desgaste, possa está como ordem do dia:

A instalação das maquinetas que garantem a meia passagem nos ônibus intermunicipais e a entrada dos ônibus de Lauro de Freitas na  estação da lapa”.

A prefeita Moema tem e expõe ao máximo sua forte relação com o governador Wagner e a camarada Dilma. Não entendemos o porquê dessas ações tão simples, muito mais simples que o metrô, não são resolvidas com a força dessa “força dessa relação”.

Com a palavra, a digníssima Sra Prefeita de Lauro de Freitas, Moema Isabel Passos Gramacho.

segunda-feira, agosto 29

A culpa é do sistema


Quando em nossas apresentações, intervenções e discussões dizemos que a culpa é do sistema, não estamos simplesmente reproduzindo um jargão “juvenil modista e sem fundamento”.  Quando nossas músicas falam do sistema, fazemos uma critica fundamentada, baseada numa leitura histórica de fatos que nos antecederam. O sistema é e sempre foi o grande vilão da história.   
A análise histórica nos revela que o primeiro sistema sócio-político-econômico implantado no Brasil, foi o sistema escravocrata. Foi essa relação (senhor/escravo) que serviu como base para a formação e estruturação do estado brasileiro. A escravidão moldou a sociedade em que vivemos.
Nesse sentido, podemos afirmar que somos uma nação herdeira. De um lado, temos os herdeiros dos benefícios produzidos pela escravidão e do outro lado, os herdeiros dos malefícios gerados pelo sistema escravocrata.
Aos filhos, netos e bisnetos dos senhores de engenho, o sistema escravocrata deixou como herança,  os grandes latifúndios, as usinas e as grandes fazendas espalhadas por todo o Brasil. Para os filhos, netos e bisnetos de africanos, o sistema escravocrata deixou como herança a fome, a miséria e o desemprego.
Encontramos os descendentes dos senhores de engenho nos casarões e mansões de Vilas do Atlântico, Encontro das Águas, Pituba, Graça, Caminho das Árvores. Já os descendentes de africanos no Brasil podem ser  encontrados nas grandes periferias como Itinga, Portão, Lagoa dos Patos, Bairro da Paz e Nordeste de Amaralina.
Acontece que os africanos deixaram outra herança para os seus descendentes. Uma herança positiva. Herança essa, que o sistema não consegue destruir. Nós herdamos de nossos antepassados a força e a coragem dos grandes reis e rainhas africanas que foram trazidos para o Brasil. Herdamos a bravura e a vivacidade de Zumbi dos Palmares, Dandara, Gangazumba e Akotirene.
Por isso somos tão poderosos e possuidores de talentos incríveis. Por isso, que mesmo sobrevivendo em situações difíceis em nossa quebrada, sem rede de esgoto, água encanada, sem empregos e sem lazer, nós ainda assim, conseguimos produzir vida e sermos felizes.
E em memória desses homens e mulheres que lutaram no passado que devemos honrar nosso povo e lutar a cada dia pra que esse sistema capitalista, fruto do escravocrata, reconheça e pague a enorme dívida que tem para com cada homem e mulher negro(a) desse pais.         

sábado, agosto 20

Entrvista: Mano Brown fala sobre o filme Marighella

O rapper Mano Brown, 41, é o autor da música que encerra "Marighella". "Ele viu o filme inteiro três vezes, e não quis cobrar pelo trabalho. No final, comentou: 'Você não está fazendo este filme para seus pares, quem precisa de heróis é minha gente'", lembra a diretora Isa Ferraz.

O rapper Mano Brown durante show do Racionais MC's no Festival Black na Cena, no Anhembi, em São Paulo



Folha - Por que aceitou o convite de participar de "Marighella"?

Mano Brown - O convite chegou através do movimento negro. Algum cara do rap já tinha me falado sobre ele, eu conhecia de longe, só a lenda, pois é algo de não sei quantas gerações atrás. Alguém me falou também que em algum detalhe ele parecia comigo. Na luta dele, na idéia. Somos os dois filhos de preto com italiano e minha família também vem da Bahia.

Quais os paralelos entre suas ideias?
Marighella lembra Malcom X, lembra Public Enemy, lembra Racionais. Muito do que cantamos no rap provavelmente veio dele. Por exemplo, o conceito da violência contra a violência. A luta dele vem de uma época em que não podia ter eleição direta, toda hora tinha golpe. Ele foi proibido de correr pelo certo. Resolveu usar a força pois só isso resolveria.


Em que medida a luta dele se assemelha com a luta de hoje?
Hoje temos um governo de esquerda. Se ele estivesse vivo, provavelmente estaria apoiando Dilma e Lula. Mas a luta continua a mesma. A direita está aí, as forças contrárias estão atuando.


Quais, por exemplo?
O governo Alckmin é inimigo, é um governo racista de polícia, de repressão. A morte de pretos aumentou pra caramba sob sua gestão. A polícia na rua enchendo o saco e botando pressão onde não tem motivo.


E o Kassab?
É outro inimigo. Desde que assumiu, o número de shows dos Racionais diminuiu muito. Tudo que ele faz hoje é contra a cultura negra, não deixa o povo tomar a frente. É um governo racista do caralho.


Muita gente andou estranhando ver os Racionais dando show em clube de playboy.
É por falta de opção. Onde tem show dos Racionais a polícia fica pegando no pé, pedindo um monte de documento. Mas em certas baladas e boates, eles não entram.


Você foi enquadrado pela polícia recentemente no aeroporto. Como foi?
Ridículo. Só neste ano, acho que fui enquadrado umas dez vezes. Os caras me reconhecem e param. Nesse enquadro do aeroporto o polícia me chamou pelo nome diante de um monte de gente, até repórter tinha.


Como enxerga a emergência da classe C?
Tem um monte de gente comprando e consumindo.O pessoal vai atrás da aparência, compra roupa, telefone. Lógico que é necessário mas o principal está faltando: educação e instrução, e faculdade gratuita. Faltam bons motivos pra estudar. Única coisa que dá pra estudar, que dá resultado, é computador. O ensino está defasado e quem aprende outras coisas fica excluída, sem benefício nenhum.


E a cultura do consumismo?
A gente sempre constestou isso. Somos contra várias marcas. O movimento nosso não tolera envolvimento, alianças e negócios.


Voltando ao filme, você assistiu? O que achou?
O filme é ótimo. E tem um ponto de vista diferenciado, pois foi feito pela sobrinha dele. Hoje em dia Marighella é visto como herói mas na época não era assim. Achei que tinha que passar essa visão pros caras.


E a música que você compõe?
Tentei não plagiar as coisas que li sobre ele. Tentei somar, não copiar. Traduzir a ideia dele pra rapaziada. Agora, eu não convivi com o cara, tentei projetar uma visão real sem sensacionalismo barato - o que tá difícil ultimamente.


Qual a relação dela com o contexto de sua obra?
Tudo a ver. E agora estamos fazendo um novo disco. A maioria das músicas está pronta. Só que desta vez estou carregando meu piano, colocando os caras (demais integrantes do Racionais) na cara do gol: eles estão saindo mais na frente, estou ficando na contenção. Grupo é grupo.


Quando sai o novo disco?
Pode ser neste ano. Mas o disco já não é mais tão importante, virou um cartão de visitas muito caro. Compensa mais por a música na rua, e isso a gente já está fazendo.


Que acha dos nomes que estão despontando, como Criolo e Emicida?
Eles são muito bons, acima da média, mas o que não entendo é que tem três mil nomes pra falar e a mídia só fala em três. Ninguém dá espaço para gente que está aí faz tempo, como o Dexter ou Realidade Cruel. Acho que há um preconceito muito grande com o rap mais militante. É preciso conciliar esta nova geração com o rap mais combativo.


Algum recado para seus fãs?
Não perder a resistência e se fechar na ideia de saber o que quer. Tomar cuidado com as informações rápidas e erradas. A impressão é que não existe coisa para conquistar. Ao mesmo tempo, protestar virou moda, tem que tomar cuidado pro protesto não ficar apenas entre aspas.

* Folha de São Paulo

segunda-feira, agosto 15

Reparação na Conferencia de Juventude de Lauro de Freitas

Voucher: Vazamento de imagens será apurado


O vazamento na internet das imagens dos presos na Operação Voucher, da Polícia Federal, será alvo de uma sindicância no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen). O comando do órgão pretende identificar os responsáveis pela divulgação das fotos de seis dos suspeitos de integrar um suposto esquema de corrupção no Ministério do Turismo. De acordo com o G1, a assessoria de imprensa do governador do Amapá, Camilo Capiberibe (PSB), informou, após reunião extraordinária neste sábado (13), que as apurações serão conduzidas de forma sigilosa e não haverá divulgação de dados. Além de a própria presidente da República, Dilma Rousseff, ter repudiado o episódio, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu na sexta-feira (12) ao chefe do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluzo, que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) investigue o vazamento das fotos.

* Fonte: Bahia Notícias


 
Nota da Quilombo Xis-Ação Cultural Comunitária  e Asfap/Ba 
sobre a violação da imagem de pessoas suspeitas de cometerem  crimes

Todos os dias as imagens de pessoas negras e pobres são violadas em todo território nacional. O olhar cúmplice do governo brasileiro, do parlamento e do judiciário finge não ver o absurdo da violação ao principio da dignidade humana, do devido processo legal e do incremento da política de defesa social que faz dos negros e pobres os inimigos internos de uma pais racista como o Brasil.
Não há diferença, nem avanços, nesse campo, com a presença de uma suposta esquerda no poder. “Tudo permanece como dantes”.
A Presidente Dilma “repudia o episódio” por se tratar de “bandidos”  brancos exibidos pela sanha de uma imprensa  sensacionalista que reputa-se operadora do direito penal.
Nós ainda aguardamos a retirada do “baralho do crime” que opera a exposição de suspeitos, pessoas processadas sem trânsito em julgado, ferindo o devido processo legal e a presunção da inocência. Seu crime mais grave: serem negros .

Com a palavra os parlamentares negros e negras da base aliada que se dizem defensores da luta dos negros no Brasil. Nesse mês de Agosto os baralhos são como as forcas que supliciaram os revoltosos da Revolta dos Búzios...a mesma exposição com técnicas diferentes.
Que falem os parlamentares que juraram ampliar a voz do Movimento Negro, mas que se calam quando o crime vem do Palácio de Ondina, onde descansa, em boas noites de sono, mais um cabeça branca.

Por um Movimento Negro autônomo e independente
Pela desmilitarização dos territórios Negros
Contra a Política de Defesa Social do Governo da Bahia.


domingo, julho 31

Ao Conselho de Juventude de Lauro de Freitas

Prezados colegas conselheiros (as) de Juventude de Lauro de Freitas.

Ainda na atividade de posse deste importante instrumento de luta de nossa juventude, deixamos evidente e bastante escurecido o papel que assumiríamos neste conselho. Combater o racismo com toda virilidade em todas as suas formas de expressão.

Pois bem. Tendo em vista o adiamento da realização das etapas municipal e estadual de nossa conferencia, acredito que sobra fôlego para debruçarmos sobre algumas conjunturas locais que são sobremaneira importantes para todos nós e diz respeito diretamente a vida de nossos irmãos e irmãs.

Nesse sentido, venho propor que paralelo à construção das conferencias, façamos algumas rodas de debates em nossas comunidades para discutir assuntos bem pontuais e importantes como:

• Eixo Planejamento – debater sobre a área pública do Jóquei Clube onde existia uma lagoa e poderia está servindo de espaço de entretenimento e cultura para os jovens de Lagoa dos Patos, Pitangueira, Chafariz e Centro - (comunidades com altos índices de violência e mortandade juvenil);

• Eixo Economia / Cultura - saber do governo onde e como foram investidos o orçamento da cultura, esporte e lazer;

• Eixo Segurança – discutir a ressignificação das UPPs e mudanças em sua estrutura - (qual de nós participou de alguma reunião pra discutir a instalação dessas unidades em nossas comunidades?);

• Eixo Saúde – saber de nossos pares nas comunidades se esse sistema centralizado de regulação é o mais prático e eficiente – (as filas nas madrugadas em frente aos postos de saúde tem sido uma constante em nossa cidade);

• Eixo Educação – Discussão e apresentação da Política de Educação pensada e elaborada pela Posse PCE, Movimento Hip Hop.

Conhecemos e entendemos as diferenças e as dificuldades que nos pautam. Mas como já fora dito. Não abriremos mão do sagrado direito de avaliar, reclamar, denunciar e acima de tudo, propor.

Ricardo Andrade
Conselheiro de juventude
Posse de Conscientização e Expressão – Movimento Hip Hop

terça-feira, julho 19

Resposta ao Artigo "Transparêcia obscura"

Resposta do governo municipal, referente ao artigo "Transparêcia obscura" publlicado nesse blog. 

http://jornalfolhapopular.blogspot.com/2011/05/transparencia-obscura.html
http://jornalfolhapopular.blogspot.com/2011/05/transparencia-obscura.html


Prezado Ricardo Andrade

Se me permite gostaria de tecer alguns esclarecimentos a respeito da audiência pública na câmara:

A orientação da Lei de Responsabilidade Fiscal, estabelece que deve ser demonstrado na audiência as receitas auferida, as despesas realizadas, os resultados obtidos, o limite da folha com pessoal, os percentuais repassados para saúde e educação, resultado primario, nominal e capacidade de endividamento do município.

Além de cumprirmos fielmente com a determinação da LRF, apresentamos algumas ações desenvolvidas pela gestão, citando secretaria por secretaria. Mesmo sem também ter a obrigação legal de dissecar sobre as ações da SEFAZ, fizemos questão de apresentar quadros comparativos mostrando a evolução da receitas, além de apresentar algumas  estratégias que estaremos implantando na secretaria para ampliar a arrecadação, sem que haja a necessidade de aumentar os tributos.

Gostaria de poder apresentar todas as ações do governo Moema Gramacho, citando rua por rua, bairro por bairro, mas talvez levassemos dias para concluir a audiência, face a quantidade de obras e melhorias que o governo já realizou e vem realizando na cidade.

Vale registrar que além das audiências públicas, as contas são analisados pela câmara de vereados, TCM, ficando, ainda a disposição de quaisquer interessado que queira verificar os processos e confirmar a autenticidade das informações.

Como se tudo isto não bastasse temos ainda o portal transparências, onde apresamos diariamente a relação de pagamentos, receitas e despesas realizadas.
Repito que, pela exiguidade do tempo, torna-se impossível registrar com riqueza de detalhes as ações de cada secretária, mas quero me colocar à sua disposição para esclarecer qualquer dúvida.

Atenciosamente
Roque Fagundes Neto
Secretário da Fazenda

terça-feira, julho 12

Lídice quer rediscutir Região Metropolitana de Salvador


 “Iremos propor a rediscussão da Região Metropolitana de Salvador, pois os problemas de mobilidade, habitação, geração de emprego e renda, saúde e educação não podem ser atacados de forma eficiente enquanto não houver uma coordenação entre os municípios para a aplicação dos recursos estaduais e federais”.
A proposta de elaboração de um projeto de políticas públicas voltadas especificamente para a Região Metropolitana de Salvador foi lançada pela Senadora Lídice da Mata durante o I Encontro Regional do PSB e Curso de Formação Política da Fundação João Mangabeira, eventos realizados conjuntamente no último sábado, na Câmara Municipal de Camaçari.

Para Lídice, faz-se necessária a criação de uma Agência de Desenvolvimento da RMS, uma Câmara Metropolitana e um Conselho de Prefeitos que torne a aplicação dos recursos mais bem distribuídos e transparentes. De acordo com a proposta a Câmara seria formada por um representante de cada município sem direito a remuneração.
Segundo a senadora, o ineditismo do projeto em âmbito nacional se explica em função da peculiaridade da RMS, onde o crescimento exagerado da capital baiana em relação aos vizinhos criou uma espécie de atrofia. “Enquanto Salvador está inchada com uma população de 2,6 milhões de habitantes, nenhuma das outras 12 cidades da Região Metropolitana tem mais de 400 mil habitantes, nenhuma tem sequer segundo turno nas eleições”, argumenta.
Atualmente, a RMS compreende os municípios de Camaçari, Candeias, Dias d'Ávila, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Mata de São João, Pojuca, Salvador, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Simões Filho e Vera Cruz.

O assunto será aprofundado na Coordenação do PSB da Região Metropolitana de Salvador, que  tem na composição os presidentes da legenda em cada município da RMS e é   dirigido pelo ex-secretário de Turismo Antônio Carlos Tramm. O objetivo é elaborar um projeto da legenda com a participação dos deputados estaduais Capitão Tadeu e Sargento Isidório para ser apresentado à Assembleia Legislativa.    
A própria composição da Região Metropolitana de Salvador é questionada pela Senadora. “O desenho da Região Metropolitana de Salvador foi criado no período da ditadura para atender o interesse do governo da época, que era englobar municípios produtores e beneficiadores de petróleo dentro da área de segurança nacional”, observa a Senadora.

Entre 1973 e 1985 foram suspensas as eleições para os  municípios das áreas de segurança nacional, período em que foi criada a figura dos prefeitos biônicos. Para Lídice, se levados em consideração à época apenas aspectos geográficos, políticos, econômicos e culturais, a Região Metropolitana de Salvador deveria incluir Santo Amaro e estender-se até o município de Cachoeira.

domingo, julho 10

Juventude universalizada; não recortada

Posicionamento da Posse de Conscientização e Expressão
 a respeito do conselho municipal de Juventude
e das políticas públicas para juventude


Lauro de Freitas, uma das cidades mais importantes da Bahia, com arrecadação média de mais de 30 milhões de reais por mês, vive as contrariedades de uma grande metrópole. A violência cresce no mesmo ritmo em que os empreendimentos imobiliários arranham o céu, aterraram lagoas e desmatam o resta da mata atlântica na cidade.

A desigualdade social alicerçada no racismo institucional talvez seja o quadro mais impactante amostra nessas terras de Ipitanga. A violência urbana, que todos os anos ceifa a vida de centenas de jovens negros é o maior desafio a ser enfrentado por esse conselho que tenta existir.
Nesse sentido A Posse de Conscientização e Expressão PCE – Hip Hop, organização cultural negra, traz essa análise da atual conjuntura, ao mesmo tempo em que declara sua posição a respeito das políticas públicas para juventude.
1-      A juventude não pode ser tratada como um recorte nas ações do governo. A juventude é universal, não pode ser delimitada por uma faixa etária de idade ou agrupamentos particionados. “Um jovem jamais gozará de sua juventude se no posto de saúde não tiver o remédio que controla a pressão arterial de seus avós”.

2-      A juventude estará ameaçada se o poder público não construir urgentemente um centro de recuperação para os dependentes de drogas, e não estamos falando de CAPs, o que necessitamos, precisa ser muito mais eficaz e verdadeiro.

3-      É necessário questionar duramente a equivocada a politica municipal que investi a contrapartida das empresas na construção de delegacias e estruturação da polícia, enquanto os espaços culturais, de lazer e entretenimento são inexistentes ou estão sucateados.

4-       A juventude laurofreitense precisa travar uma verdadeira batalha contra a instalação das UPPs em nossa cidade. Essas estruturas nada mais são do que uma ferramenta do racismo em nossas comunidades. Se polícia, arma de fogo e munição funcionassem o Haiti, Iraque e Afeganistão já estariam pacificados.

5-      Temos que atuar contra a pacificação dos movimentos sociais.

6-      Precisamos voltar nossos olhos para a situação dos jovens nas delegacias e no complexo penitenciário existente em nossa cidade, onde a violação dos direitos humanos é gritante ao ponto de sermos manchetes na impressa internacional.

7-      Precisaremos travar internamente um caloroso debate sobre a disseminação do ódio religioso pregado por pastores e lideres religiosos que não se cansam em apontar o diferente como elemento do mau.

8-      Precisaremos nos empenhar no debate sobre a homo afetividade, levando a discussão do tema para dentro dos espaços que atuamos, inclusive nossa casa.


9-      No entanto antes disso tudo, é necessário denunciar a ação dos grupos de extermínio e o genocídio de nossos jovens, pois nenhuma das políticas acima citada fará sentido se não houver a vida pra desfrutá-las.

Posse de Conscientização e Expressão
Movimento Hip Hop
Lauro de Freitas – BA

quinta-feira, julho 7

Espetáculo Cultural Corpo Aberto

O espetáculo traduz de maneira visceral a questão religiosa e mostrar o efeito da mistura de culturas. Faz também revelar o preconceito das pessoas em relação a tabus como corpo e religiões africanas. 




terça-feira, julho 5

Candidatura de Lula Maciel Ganha a cidade




 
O vereador Lula Maciel está radiante. O seu nome vem sendo lembrado nos movimentos sociais como provável candidato ao executivo municipal e já foi incluído na agenda de debates, onde serão apresentadas sugestões para o seu programa de governo. Com isso Lula, que é o único representante do PT na Câmara de Vereadores de Lauro de Freitas soma pontos para a sua possível candidatura à prefeito da cidade.
Organizações de juventude, sindicatos, seguimentos religiosos: evangélicos, católicos, espíritas e de matriz africana, agrupamentos Glbtt e grupos inclinados a questão racial já manifestam apoio a possível pré-candidatura de Lula Maciel ao mesmo tempo em que se sentem “confortados e seguros” (segundo os próprios movimentos), com a história política do provável pré-candidato.
Dentro do seu partido PT, onde disputa com outros quadros importantes, Lula já conta com amplo apoio de membros da executiva municipal. No âmbito estadual,  segue confirmando solidez, e até em Brasília já se comenta a aceitação de Lula Maciel como futuro prefeito de Lauro de Freitas. 

sábado, junho 25

Lauro de Freitas, Escolas de Hip Hop


Dia oito de julho vai ser o grande dia. Portão, Itinga, Vida Nova, Capelão, Areia Branca, Lagoa dos Patos, Lagoa da Base e Pitangueira. Todas as comunidades reunidas no Centro de Cultura pra firmar o Dia “D” Hip Hop Lauro de Freitas. DJs, rappers, B.Boys, BGirls, grafiteiros e grafiteiras, todos juntos mostrando seus talentos e a força de suas quebradas.

A expectativa ta em torno do Projeto Escolas de Hip Hop, espaços culturais que vai dá força aos elementos culturais do hip hop em cada bairro da cidade. A ideia da Posse PCE é montar uma escola em cada bairro pra que os militantes culturais do hip hop possam contaminar a periferia de musica, grafite e expressão corporal.

O projeto custa menos que as instalações das UPPs e possui um resultado muito mais sólido. Nesse pacto que a Posse PCE / Campanha Reaja propõe, não tem uso de armas letais nem prisões e nossas ações não produzem cadáveres.

Um conselheiro do Ministério da Cultura estará no evento pra avaliar e entender o processo pedagógico do projeto. Quem também vai aparecer é o deputado Federal Valmir Assunção que está articulando o recurso para o projeto em Brasília.

quarta-feira, junho 15

Campanha Reaja e o Pacto Pela Vida




Algumas Considerações sobre o Projeto de Segurança Pública do Governo do Estado da Bahia em Parceria com Outros Poderes de Justiça -
O Pacto Pela Vida




Apresentação

A Campanha Reaja é uma articulação de movimentos e comunidades de negros e negras da capital e interior do Estado da Bahia, com uma interlocução nacional com organizações que lutam contra a brutalidade policial, pela causa antiprisional e pela reparação aos familiares de vítimas do Estado (execuções sumárias e extra-judiciais) e dos esquadrões da morte, milícias e grupos de extermínio.

No ano de 2005, num contexto de governo ligado a um grupo político que há décadas dominava os recursos financeiros, os meios de produção, o sistema de justiça e comunicação e que tinha no estado penal e no racismo fundamentos para uma política de genocídio, nos insurgimos contra as mortes de milhares de jovens negros desovados como animais às margens de Salvador e Região Metropolitana.

Resolvemos fazer uma articulação comunitária e com os movimentos sociais e politizar nossas mortes. Colocar em evidência a brutalidade policial, a seletividade do sistema de justiça criminal que nos tinha - e ainda tem - como os bandidos padrão, sendo a cor de nossa pele, nossa condição econômica e de moradia, nossa herança ancestral e pertencimento racial a marca a etiqueta de “inimigos a serem combatidos”.

A Campanha Reaja apresentou uma série de relatórios, informes, dossiês, denúncias e recomendações a vários organismos nacionais e internacionais, como ONU, OEA, Anistia Internacional, OAB, Defensoria Pública, Comissões de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, da Assembléia Legislativa e o próprio Governo do Estado, independente de quem estivesse em seu comando. Para nós, o direito a vida e vida digna sem racismo e violência está para além da conjuntura.

Sendo assim, vimos através desse documento declarar nossa posição sobre a política de segurança pública em curso e fazer uma análise embrionária sobre o programa Pacto Pela Vida, lançado no dia 06/06/2011 pelo governo do Estado da Bahia.

Documento esse que deve ser encarado como um instrumento de diálogo que buscamos estabelecer com o governo e os demais poderes de justiça articuladores desse programa, bem como as organizações da sociedade civil, o parlamento, e a sociedade de um modo geral. Lembramos que em todas as oportunidades que tivemos para falar com Excelentíssimo Senhor Governador Jaques Wagner apelamos para o fato de que só um diálogo com toda sociedade poderia ajudar a construir um outro modelo de segurança pública. Por tanto nossa exigência feita no calor de nossa ira frente aos corpos de vários jovens que tombaram durante as operações Saneamento I e II, na Chacina de Pero Vaz, na Chacina de Vitória da Conquista, na Chacina (vingança Estatal) de Cana Brava, nas mortes de Edvandro, de Djair, e Clodoaldo Souza o Negro Blul, entre outras, nos obriga a participar dessa construção de forma crítica, não tutelada, propositiva.

Apresentamos a essa plenária alguma considerações sobre segurança pública, relações raciais, sistema de justiça na sua interação com pressupostos racistas, homofóbicos e sexistas que impedem a concretização dos princípios republicanos e democráticos, tão repetidos por Sua Excelência, o Governador do Estado da Bahia Jaques Wagner, listando algumas questões de extrema importância a serem consideradas pelo governo como espinha dorsal na concepção de um possível Pacto Pela Vida.

Os Pactos e Nós, Os Negros/as

“Mesmo que pareça mais atraente e até seguro juntar-se ao sistema, precisamos reconhecer que agindo assim estaremos bem perto de vender nossa alma” ( Bantu Stive Biko, Escrevo o que quero , editora ática , pag.48 2ºedição 1990)


Cento e vinte e três anos depois da proclamação do pacto abolicionista “fajuto” que as elites fizeram entre si, nos tirando da condição legal de escravizados e nos empurrando para a quase perpétua exclusão dos meios de produção, de participação e do exercício de poder a que temos direito, o Estado, compreendido como os poderes de justiça, o poder legislativo, executivo e agora a defensoria pública, nos convoca a pactuarmos pela proteção da vida.

“Art.5° todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade, nos termos seguintes:” (CEFB/88)

Entendemos que esse pacto, pela vida, já está expresso em nosso ordenamento jurídico e que o Constituinte Originário imprimiu no artigo 5º e esparsamente em toda nossa carta mãe, os fundamentos de um estado democrático de direito, sendo o direito à vida e à vida digna sua expressão máxima. Portanto, segundo várias correntes doutrinárias e o próprio corpo de juízes supremos - (STF) Guardiões da Constituição, excetuando “caso de Guerra declarada”(I,XLVII “a” Art.5º) - o valor da vida é um valor absoluto.

Porque o governo do Estado da Bahia nos convoca para um pacto pela vida? E porque as ações anunciadas pelo pacto concentram-se apenas numa suposta guerra contra o crime? Porque um governo democrático participativo e popular opera com uma lógica de lei e ordem tendo como fim a criação de um Sistema de Defesa Social?A ideologia de defesa social tem como um de seus princípios norteadores essa dicotomia entre bem (cidadão/sociedade) e mal (bandido/ criminoso/excluído). Essa dicotomia foi apresentada por um funcionário do governo quando apresentava o pacto a militantes do Movimento Negro, numa reunião chamada pela Sepromi –Secretaria de Promoção da Igualdade. Essa mesma ideologia é expressa pelo mandatário máximo do Governo da Bahia, quando apela em seu discurso para o combate do bem contra o mal.

No programa Balanço Geral, exibido pela rede Record de televisão em 08/06/2011, conduzido pelo apresentador Raimundo Varela, o governador falava na “defesa do bem contra o mal”. A julgar pelos corpos exibidos, pelos presos com suas imagens violadas nessa mesma emissora, o bem a que parece se referir o Governador tem origem racial, origem de classe e poder de contratar bons defensores e terem sua imagem e liberdade preservadas. E o mal ? Bem, o mal somos nós, negros e negras, a maioria da população. Não um corte ou um grupo de trabalho em eventos promovidos pelo governo, mas a totalidade dos interessados em um novo modelo de segurança.

Segundo Alexandre Barata:

“Há um controle da criminalidade(mal) em defesa da sociedade(bem). O delito é um dano para a sociedade o delinqüente é um elemento negativo e disfuncional”(Alexandre Barata , Criminologia Critica e critica do Direito Penal , pag.03 editora Rio de Janeiro /2002)


Os chamados inimigos, os maus, em sua maioria são jovens, encarcerados nas instituições de seqüestro por crimes contra o patrimônio, o chamado crime anão, crimes de bagatela e que entopem as cadeias gerando lucros para os empreendedores do ramo industrial carcerário. A ideologia da defesa social quer proteger o patrimônio privado, contendo uma criminalidade descalça, de rua, analfabeta. Uma criminalidade fruto da pobreza, da remoção forçada de famílias inteiras do campo, vítimas da acumulação do capital nas mãos dos herdeiros de quem fez o pacto do tráfico transatlântico de seres humano escravizados: nós, negras e negros.

Assim, consideramos os pontos que seguem de extrema relevância na composição do eixo central de um plausível Pacto Pela Vida:

1. O ordenamento jurídico já consagra a vida como um bem jurídico a ser protegido. O Pacto Pela Vida confirma o fracasso do Estado Brasileiro em garantir nossa segurança. O governo nos convoca por que não pode esconder a tragédia humana em suas mãos. A tragédia de uma guerra cruel, cujas vítimas são negros de baixa escolaridade residindo em lugares precários.

2. O Pacto Pela Vida não pode concentrar-se numa suposta guerra contra o crime apoiada na ideologia da defesa social e da teoria do direito penal do inimigo. Essa lógica do bem e do mal, é reducionista e espalha o medo, sem promover o verdadeiro diálogo. Esse é um modelo ideológico amparado na criminalização, no etiquetamento de pobres, negros e mulheres - estigmatizadas por sua relação afetiva com homens ( jovens negros) que são o principal alvo do atual sistema de segurança pública exilados nas instituições de seqüestros ( Casas de Detenção, cadeia, delegacias e etc).

3. Nós negras e Negros do Estado da Bahia somos os principais interessados em um novo modelo de segurança que não seja racista, machista, homofóbico e sexista. Não somos um corte um grupo de trabalho.

4. Se a proposta é de um provável Pacto pela Vida, é necessário que se reflita sobre uma prática em curso de limpeza étnica, exemplificada pelos títulos das operações Saneamento I e II que levou a óbito mais de 3.000 pessoas entre 2007 e 2010, pela ação estatal da Rondesp, Choque, Caatinga, Guarnições e policias quer pela ação dos grupos de extermínio, esquadrão da morte ou pela omissão do estado.

5. O atual Secretário de Segurança Publica Mauricio Barbosa, surpreendeu a sociedade com o “ Baralho ” símbolo da indignidade e da ofensa aos direitos fundamentais. O supostos criminosos exibidos no jogo de carta virtual são violados em seu direito ao principio contraditório, da ampla defesa, do devido processo legal. São pessoas exibidas como culpados antes de serem processados, antes do trânsito em julgado.Este baralho é um ultraje a dignidade humana, uma repaginação dos institutos racistas de busca de africanos foragidos. O baralho deve ser retirado do sistema da SSP.

6. Como tratar de um Pacto Pela Vida, quando temos diante de nós uma demonstração de desrespeito ao meio ambiente e a vida: O Presídio de Simões Filho, construído em área de proteção ambiental (APA), território quilombola amparado pelo decreto 4887. Situação que, sabidamente ameaça a vida de funcionários, presos e suas famílias, pela existência de ductos de gases tóxicos que passam por baixo da construção.

7. Para tratarmos de um provável Pacto Pela Vida, é necessário sairmos da lógica punitiva e apresentar números de instrumentos em política cultural, política de saúde, educação, saneamento, política publica ao invés de militarização do espaço urbano. Urge investir em reparação pecuniária, humanitária aos familiares das vítimas dos grupos de extermínio, esquadrão da morte e oficiais do governo.

8. Pactuar pela Vida significa o respeitar a dignidade humana, impedindo a exposição ilegal de presos em delegacias, responsabilizando delegados, agentes policias, e polícias militares que expõem a constrangimento ilegal pessoas custodiadas pelo Estado.

Assim, instamos o governo a promover um diálogo permanente que envolva as universidades, o parlamento, o judiciário, os partidos políticos, os meios de comunicação, mas sobretudo as comunidades atingidas e o movimento social para que apontem caminhos não-punitivos de promoção das potencialidades, tendo a liberdade como regra, como consagrado pelo ordenamento jurídico. Um diálogo que resulte numa verdadeira democracia, como queriam os mártires da Revolta dos Búzios.


A reaja convoca negras e negros a agirem como maioria.

domingo, junho 5

Lauro de Freitas, Governo municipal ja arrecadou mais de R$ 1,3 bilhão


Lauro de Freitas é uma das cidades mais ricas da região metropolitana de Salvador. Se somarmos o que o município arrecadou entre 2005/2010 e adicionarmos o que está previsto para 2011, chegaremos ao montante de 1,3 bilhão de reais.

Nesse valor arrecadado estão inclusos a cobrança de impostos tipo ISS e IPTU além dos repasses estaduais e federais. Vale salientar que os recursos do PAC não entram nessa relação.

A oposição faz fortes críticas ao governo, afirmando que o dinheiro arrecadado é mau empregado e que a situação das ruas, praças e os serviços básicos são de péssima qualidade.

Já o vereador e pré-candidato do PT ao governo municipal Lula Maciel, defende o governo. Segundo Lula nem tudo que é feito com o dinheiro público é pra ser visto. Muitas das políticas públicas aplicadas são sentidas e isso é um diferencial.

Contudo que está em jogo é uma das maiores receitas do estado e a corrida eleitoral de 2012 está pautada nessa arrecadação. Seja quem for o candidato eleito em 2012 terá em sua responsabilidade uma excelente arrecadação e terá que está preparado pra gerir bem esse recurso.

Os desafios apresentados são enormes, vão da infraestrutura macro a podagem dos jardins. Mas não dá pra negar que há recursos suficientes para começar um trabalho sério, a altura do povo dessa cidade.

E só pra não esquecer vale escrever por extenso. Um bilhão trezentos e noventa e sete milhões, quatrocentos e vinte e seis mil, seiscentos e sessenta e nove reais. Fora os centavos.

terça-feira, maio 31

Transparência obscura

Os números apresentados pelo governo municipal de Lauro de Freitas estão longe de ser considerado “prestação de contas”. Parecem muito mais uma exposição contábil onde a relação gasto/arrecadação ecoam numa perfeita sintonia de “pardais”.

No entanto, é preciso muito mais que do que harmonia numérica para imprimir respeito e transparência ao contribuinte.
A história nos mostra exemplos em que os maiores casos de corrupção e desvios de verbas públicas, aconteceram em ambientes em que os números contábeis eram sincrônicos e consoantes. Nesse sentido, entendemos que é preciso muito mais que números e números.

Gestores públicos precisam mostrar na real onde foi colocado o real. Exemplo. Se foram gastos cem mil reais na compra de equipamento escolar é necessário que não falte carteira nas salas de aula.

Se constar na prestação contábil que determinado valor foi gasto para pavimentação asfáltica, significa que não pode haver buracos nas vias públicas. Se foi justificado gasto do dinheiro público no saneamento básico, significa que as ruas não podem alagar quando chover.

Se não houver essa verdade entre o que se arrecada, o que se diz ter gasto e o que realmente foi investido, surge um espaço obscuro que serve para insinuações e especulações diversas que podem colocar em cheque a credibilidade do governo.

Com isso chegamos à conclusão que prestação de contas do dinheiro público não é apenas um exercício de contabilidade, é uma sincronia entre o que se arrecada, o que se gasta e o que se comprova no real concreto no dia-dia, é o que se vê nas ruas, praças, escolas e hospitais.

sexta-feira, abril 15

A Cultura de Lauro de Freitas Geme e Sofre em Dores de Parto

Depois de mais de dois meses de ensaios, espetáculo praticamente pronto, divulgado que seria apresentado de 14 a 17 de abril, mas com a falta do devido apoio para a realização não deu outra, a Sociedade Cultural Távola foi obrigada pela primeira vez na história sacrificar o seu empenho e CANCELAR a realização da 13ª edição da Paixão de Cristo, até então, um dos maiores espetáculos de teatro a céu aberto da Bahia e uma das mais importantes manifestações culturais do município de Lauro de Freitas.

A SECULT- Secretaria de Cultura do Município garantiu o apoio em vinte quatro mil reais (R$ 24.000,000) oriundos dos cofres públicos, que de imediato foi recusado pela produção que solicitou o aumento do recurso, pois somente a estrutura das arquibancadas teria o custo aproximado de cinqüenta mil reais (R$ 50.000,00), seguindo o valor da licitação. Logo em seguida, a SECULT confirmou que daria o apoio além do que já havia oferecido para a realização da peça. Mas depois a prefeita Moema Gramacho não confirmou este compromisso da Secretaria onde teve que retroceder toda a negociação que estava praticamente fechada entre a Prefeitura e a Sociedade Cultural Távola. Mesmo sabendo que a prefeita havia solicitado o apoio da Petrobras, pediram que a produção optasse por um dos dois apoios, Prefeitura ou Petrobras. Mas a resposta negativa da Petrobras só veio surgir um dia antes da realização, no dia 13 de abril.

A Sociedade Cultural Távola se mobilizou com a Câmara de Vereadores para interceder com a Prefeitura, mas não obteve êxito, poucos vereadores se manifestaram a favor, demonstrando a incapacidade de exercerem tal função de defender as causas populares e de estarem na Casa Legislativa ecoando o desejo popular. Mas como a arte emana do povo, os artistas e toda a comunidade envolvida não desanimaram. Sabendo que o recurso disponibilizado era de vinte quatro mil (R$ 24.000,00) e que não daria mesmo que fosse única apresentação, e ainda os gestores deixaram claro que os fornecedores só iriam receber este recurso de sessenta a setenta dias após o evento, o que afastou de vez todas as empresas que prestam serviço de qualidade.

Ontem, 14 de abril, véspera da encenação, com divulgação na grande mídia baiana do importante espetáculo da Paixão de Cristo, mesmo acreditando que ao menos conseguíssemos os palcos e os praticáveis, o sonho caiu por terra, foi tudo inviabilizado pela não garantia da montagem da estrutura, do som e da iluminação cênica, sendo obrigado a cancelar o espetáculo. A notícia foi dada ontem à noite pela coordenação do evento ao elenco e a produção antes de acontecer o ensaio geral.

Contudo, a o desejo de todos os participantes, depois de muitas lágrimas, foi que o espetáculo acontecesse de qualquer maneira, para demonstrar a força de vontade e a indignação dos participantes e da comunidade, pois não foi a toa que este espetáculo em janeiro deste ano foi inserido no Calendário oficial de festas populares, sendo aprovado pelo Conselho Municipal de Cultura, mas infelizmente o município de Lauro de Freitas deixou de apoiar devidamente um espetáculo que leva o nome positivamente da cidade pra toda a Bahia, que ultimamente só é visto na grande mídia através do alto índice de homicídio entre jovens e adolescentes e com envolvimento dos mesmos no tráfico de drogas e nenhuma política de estímulo cultural e esportivo é visto em funcionamento.

Porém, à vontade, o desejo e o anseio da comunidade não morrerão, e o espetáculo será apresentado de forma simbólica, mesmo sem os equipamentos de luz e som de qualidade como sempre teve durante estes treze anos e pela primeira vez na história está acontecendo.

A Sociedade Cultural Távola convoca a imprensa e a comunidade para participarem deste ato, que terá um cortejo em forma de Via Sacra saindo do final de linha de ônibus até a Praça da Matriz no dia 18 de abril a partir das 19h, onde será encenada o espetáculo que com o passar dos anos se tornou o maior espetáculo de teatro ao ar livre da Bahia, isso porque A CULTURA DE LAURO DE FREITAS GEME E SOFRE EM DORES DE PARTO, pois falta gestão, compromisso, respeito e políticas públicas de verdade.

“Nós pedimos desculpas a todos por este grave problema e garantimos que com muita fé em Deus em 2012 voltaremos com todo empenho e a nossa Paixão de Cristo voltará a ser grande como nossa cidade, uma das oito mais ricas da Bahia”. Concluiu o diretor do espetáculo Duzinho Nery.



Maiores informações: (71) 9115-4462/ 8704-3494. E.mail: