quinta-feira, junho 24

O DNA negro do estatuto da igualdade


Apesar de ser humana, a ciência biológica é bastante exata quando se trata da fecundação. A biologia afirma em alto e bom tom que um feto humano é resultado da união de 46 cromossomos, sendo que, 23 são pertencentes ao pai e 23 a mãe. Após a gestação o novo ser terá em seu genoma as características e a essência dos que lhe geraram.

O exemplo biológico ilustra bem o momento que vivenciamos no movimento negro com a desastrosa aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. Mas apesar de difícil, esse momento precisa ser também, um momento de distribuição das responsabilidades.

O senador Demóstenes e o DEM entram apenas com 23 cromossomos para a formação desse ser (estatuto). Mas a cria é racializada e todos nós sabemos. Precisamos agora, identificar quem concedeu os 23 cromossomos negros.

Nossa intenção aqui está para além de apontar culpados, mas é preciso responsabilizar as organizações negras que coabitaram com os democratas sem preservativo e geraram esse ser indesejado. É preciso assumir essa “criança” agora. Não dá pra fugir, pois estatuto tem vida e o DNA dos pais está lá, e levará a herança dos seus genitores para as gerações futuras.
Tenho certeza que o DEM exercerá bem seu papel de mãe e amamentará bem, todos os dias essa “criança”, para que o ela cresça forte e robusta, deixando a cargo do pai, o papel de balançar o berço. Afinal de contas, Matheus foi parido.

Cabe agora, tão somente, que as entidades negras se submetam a exames de DNA para que seja identificado o conjugue responsável, e o mesmo assuma a paternidade do estatuto. Vale dizer aqui que o Movimento Negro Unificado não aceitou esse namoro com DEM e ainda na época da paquera disse NÃO. Lembro que nossa Coordenadora Geral, Vanda Pinedo, se retirou da mesa de negociação quando o DEM jogava seu charme e seduzia as demais organizações negras. Mas como já disse, o bebê nasceu e não dá pra negar. Agora é assumir.

Sabemos também, que partindo de uma visão biológica não dá mais pra abortar esse filho, mas, cabe ainda, talvez, apelar para a corte que oficializou esse enlaço matrimonial. O presidente da república, “aliado inconteste dos negros partidarizados” não se pronunciou ainda, nem mesmo a candidata Dilma deu parecer a respeito.

Caso a criança seja vetada, cabe congelar o estatuto e expô-lo em formol nas galerias do senado e da câmara, para que as gerações futuras percebam que relações com brancos geram anomalias que podem prejudicar e eliminar gerações inteiras.

Ricardo Andrade
Movimento Negro Unificado
Campanha Reaja
Movimento Hip Hop – Posse PCE

terça-feira, junho 15

A teoria da conspiração da violencia


Não é o crack coisa nenhuma, isso é essa conversa fiada. O problema é outro, o pano de fundo está bem escondido, escamoteado, camuflado. O fator que gera a violência em nossas comunidades é outro e está diretamente ligado ao racismo e o grande capital.

A propaganda do governo da Bahia, que diz que o crack é responsável por 80% dos homicídios no estado é uma campanha mentirosa. O crack é apenas uma ferramenta muito bem utilizada pelo estado brasileiro no sentido de providenciar os interesses do grande mercado.

Para uma melhor compreensão dessa nossa teoria, vamos citar como exemplo o bairro de Portão, situado na cidade de Lauro de Freitas. Vejam só senhoras e senhores leitores, que esse bairro está localizado geograficamente numa importante região econômica da cidade. Portão é banhado pelo Rio Joanes à direita, à sua frente uma importante BR, conhecida como Estrada do Côco, além de fazer fronteira com o imponente condomínio Encontro das Águas a sua esquerda. Condomínio esse, que abriga casas de 1 milhão de reais onde moram personalidades como Ivete Sangalo, Bel do Chiclete com Banana, Netinho e por aí vai.

Para o grande capital é inadmissível, que um empreendimento dessa magnitude tenha como fronteira um bairro cheio de gente pobre e preta que mora em casas que valem 50 mil. Por esse motivo é preciso à aplicação de uma política de expulsão. Na concepção do estado e seus administradores, a comunidade de Portão precisa ser relocada. Precisa ser levada para um terreno qualquer perto das Cajazeiras ou na BR 324.

Mas como fazer para remover uma comunidade inteira sem chamar a atenção de organismos internacionais? É aí que entra o crack. Com o aumento da violência e o crescente número de homicídios, a população amedrontada começa a colocar seus imóveis a venda. Os urubus carniceiros adquirem essas casas a preço de banana, destroem tudo para logo em seguida ampliar o condomínio.

Outro exemplo desses pode ser visto em São Cristóvão, naquela comunidade que a imprensa e as autoridades insistem em chamar de Planeta dos Macacos. Essa comunidade em São Cristóvão com certeza não resistirá ao Shopping, que está sendo inaugurado em outubro, e nem a copa do mundo de 2014.

Aquele espaço perto do aeroporto internacional e próximo a principal avenida de acesso ao centro da cidade de Salvador, precisa ser ocupado por hotéis de luxo e restaurantes chick. Mas como remover mais de 20 mil habitantes que mora ali há tanto tempo? A resposta é o crack. É só lançar o crack ali dentro e depois mandar a Rondesp dá tiro na cabeças dos “traficantes” e usuários. De preferência é bom matar dentro de casa, pois assim, a repulsa por parte dos familiares é maior. Ninguém quer morar num espaço onde um ente querido fora assassinado. Depois disso é só oferecer qualquer dinheiro que a casa estará a venda.

Essa é a Teoria da Conspiração da Violência. E não é novidade, basta tão somente analisar a história. Foi assim que o estado norte americano agiu com os Panteras Negras. O governo estadunidense injetou heroína nas comunidades negras e pobres para conter o avanço das Panteras.

Foi assim também numa comunidade chamada Higienópolis em São Paulo. Vejam que o nome desse nobre bairro é conseqüência de uma política de higienização praticada pelo governo do estado, através de uma política de segurança pública bem parecida com a OPERAÇÃO SANEAMENTO do governo petista de Jaques Wagner aqui na Bahia.

Agora a história se repete, o crack é injetado em nossas comunidades com objetivo de expulsar nossa gente de suas localidades, dando espaço à expansão imobiliária. Tudo isso alicerçado no racismo e com aval das autoridades constituídas que além de trair o povo, tenta ainda, minimizar a situação criando bode expiratório (crack) no sentido de escamotear o foco real.

Ricardo Andrade
Campanha Reaja
Movimento Negro Unificado
Posse PCE – Hip Hop

quinta-feira, junho 3

Aos negros e negras petistas baianos



Prezados irmãos, venho acompanhando as ações desesperadas do governo estadual no sentido de resolver a grave crise de segurança pública, na qual o estado baiano está submetido. Nessa nossa observância, percebemos que o racismo grita alto dentro do governo, enquanto a anestesia institucional atrofia as ações de ex-calorosos e honrados militantes negros, que atuavam como verdadeiros baluartes de nossa causa, num passado bem recente.

Vi muitos de vocês batendo palmas e sorrindo para câmeras de TVs quando o governador Wagner, prestava conta a elite baiana, apresentando as milhares de viaturas e motocicletas, além da contratação de milhares de novos polícias militares que serão adestrados para levar pânico às nossas comunidades. Muitos estavam nas inaugurações dos novos presídios e delegacias. Mas já que estão envolvidos irmãos, pressionem, ao menos, para o governador apresentar também os FUIZIS ISRAELENSES adquiridos com nosso dinheiro. Coloca tudo na Avenida Paralela sobre o gramado pra gente ver quando passar de ônibus rumo ao nosso trabalho.

É importante que nossa gente saiba que mais cedo ou mais tarde esses FUZIS adquiridos pelo governo estarão disparando na cabeça e no peito preto de nossos filhos, irmãos e parentes. Entendo a teoria dos que dizem que os FUZIS são apenas pra impressionar e “gerar o fator psicológico favorável”, mas prefiro acreditar no que vejo, e vejo bala e sangue no chão de nossas ruas.

Aqui em Itinga irmãos, um garoto de sete anos foi baleado na semana passada e antes que acusem, vou logo dizendo que ele não tem ligação com tráfico de drogas. A prefeita daqui, que coordena a campanha de Dilma na região Nordeste, tem se mostrado incapaz de viabilizar um espaço de lazer para nossas crianças e adolescentes, mas anunciou a compra de um terreno de 1 milhão e meio de reais pra fazer uma obra em Vilas do Atlântico, a parte nobre da cidade. Os negros e negras daqui também estão anestesiados.

Minha intenção irmãos da diáspora é reafirmar a importância de se ocupar espaços como esses no governo, mas não dá pra abrir mão de dizer que isso precisa valer apena, precisa ter utilidade.


Ricardo Andrade
Posse PCE - Movimento Hip Hop
Articulador da Campanha Reaja
Movimento Negro Unificado

terça-feira, junho 1

Garoto de sete anos é baleado em Itinga


O tiro pegou na barriga do garoto. O mesmo havia saído de casa pra comprar algo na quitanda da esquina no Loteamento Jardim Metrópole em Itinga. Eram por volta de 09:30 da noite de ontem quando o tiroteio aconteceu. Sobre o quadro clínico do garoto sabemos que é estável, ele foi conduzido ao HGE.


Há quinze dias atrás um outro garoto de 15 anos, também morador deste loteamento em Itinga, deu entradano HGE com fortes dores, vindo a falecer. Os médicos diagnosticaram várias escoriações e hematomas no garoto. Segundo a família um princípio de hemorragia interna teria desencadeado tudo isso. Populares afirmam que dois dias antes o garoto de 15 anos havia sido abordado por policiais militares no campo de futebol do Parque Santa Rita e levado socos e pontapés o que pode ter causado a morte do garoto.


Na semana passada uma jovem foi assassinada no Loteamento Jardim Metrópole em Itinga na rua da igreja adventista, testemunhas dizem que dois homens trocaram tiros e ela foi atingida vinda a falecer no local.
Não é muito de nosso perfil esse tipo de matéria, isso abaixa a auto-estima de nossa comunidade, mas não dá pra ficar em silencio vendo o circo pegar fogo. Este loteamento precisa de uma intervenção do poder público, precisa ser olhado com carinho pelas autoridades e quando dizemos isso, não significa mandar a Rondesp e seus similares da morte munidos dos novos fuzis que Wagner comprou.


Este loteamento não tem se quer uma quadra de esporte. Não tem campo de futebol, alaga quando chove, quando não chove falta água todo dia. A polícia quando entra aqui é sempre pra aterrorizar as pessoas e dá aquele famoso tapa na cara dos pais de família e chamando-os de vagabundo. Os programas “de mentira” do Pronasci não chegaram aqui e é até bom que não venha, fique por lá mesmo, chega de lorota por aqui.


O movimento hip hop, a Campanha Reaja e o Movimento Negro Unificado vão acionar a Denfesoria e o Ministério Público no sentido de forçar o governo local a construir uma área de lazer nesta comunidade. Existem terrenos ociosos que servem para diversas práticas ilícitas e que podem ser adquiridos e repassados à comunidade como espaço de entretenimento.