quarta-feira, agosto 14

Comandante abre inquérito pra apurar violações cometidas pela polícia em ação que matou quatro jovens em Lauro de Freitas



Durante a audiência pública em referencia ao dia internacional da juventude, realizada na câmara municipal de Lauro de Freitas, o comandante da 52ª CIPM de Lauro de Freitas, Majó Marcelo Bruno, anunciou que abriu inquérito para apurar as denuncias contra a ação da polícia durante operação na comunidade do Chafariz, onde quatro jovens negros foram assassinados dentro de casa no ultimo dia 08.

Representantes do movimento negro externaram os depoimentos da comunidade, afirmando que os jovens não trocaram tiro com a polícia, desmentindo a versão oficial divulgada pela imprensa. Ainda segundo os depoimentos, dois dos jovens jogavam videogame e outros dormiam quando foram surpreendidos e mortos.


O CEN, Coletivo de Entidades Negras já articula uma movimentação nacional para pedir providencias e já solicitou uma reunião com o prefeito da cidade. A Secretaria de Segurança Pública do Estado vai convocar o delegado da 23ª Delegacia de Polícia para pedir explicações.

'As denuncias são graves, as autoridades precisam se pronunciar' - Afirma Marcos Rezende Coordenador nacional do CEN.

terça-feira, agosto 13

É lá na aldeia. Café da manhã com povo de santo




Lideres religiosos de matriz africana se reunirão com representantes do governo, no próximo dia 23 de agosto, pra tratar de temas que interessam a comunidade religiosa.
A atividade é uma iniciativa da FENACAB e do Departamento de Promoção da Igualdade Racial.

domingo, agosto 11

A SOMBRA DA ÁRVORE DO CRIME


Uma árvore nasceu no meio de uma comunidade. No início ninguém se importou muito, pois não incomodava. A árvore começou a crescer e seus galhos começaram a fazer uma sombra enorme nas casas. As pessoas queriam tomar um banho de sol, ou secar suas roupas no varal e não conseguiam por causa da sombra da árvore.

A comunidade começou a reclamar. No ônibus, no mercado, no salão, nos bares e clubes só se falava da maldita sombra que perturbava a todos. Alguns grupos organizados cobravam das autoridades uma providencia até que a situação se tornou insustentável. Passou até na televisão.

Finalmente houve uma reunião e as autoridades enviaram uma equipe para acabar com o problema da sombra. Essa equipe munida de tesouras enormes começou a cortar os gravetos que estavam mais salientes, aqueles galhos mais finos que ficam na parte mais exterior da árvore. Não demorou muito e o “problema estava resolvido” O sol agora brilhava sobre os telhados das casas e povo estava feliz, ninguém mais pensava na árvore.  Até que em outra primavera novos gravetos cresceram e a sombra voltou a aterrorizar a sociedade.

É exatamente dessa forma que nossa sociedade combate o crime, a violência e a insegurança. A arvore do crime está bem no meio da sociedade, suas raízes são profundas e seus tentáculos estão instalados nos poderes executivo, legislativo, judiciário. Está na polícia, nas organizações sociais e nas entidades religiosas. O tronco dessa árvore é rico em corrupção, sonegação, estelionato, tortura e hipocrisia.

Quando a situação se torna crítica e a comunidade exige uma postura das autoridades, a polícia é enviada com seus fuzis para furar o crânio daqueles negrinhos que ficam vendendo sua balinha de maconha nas esquinas das ruas (os gravetos). Os galhos mais grossos protegem o caule e a hipocrisia somada a corrupção impedem que a raiz da planta seja atingida. O pior disso tudo é que nós, comunidade ficamos felizes quando os exterminadores se apresentam com seu arsenal da morte, somos incapazes de perceber que eles fazem parte do tronco e jamais irão combater a raiz do problema.


 No final, muitas famílias chorarão seus óbitos, outras festejarão a falsa sensação de paz enquanto novos pivetes são alimentados e fortalecidos com o próprio fruto da maldita árvore.   

quinta-feira, agosto 8

Polícia e imprensa mentem sobre morte de jovens em Lauro de Freitas






A PCE, Posse de Conscientização e Expressão e o CEN, Coletivo de Entidades Negras estiveram hoje na comunidade do Chafariz em Lauro de Freitas, horas depois de uma ação trágica da polícia que resultou no assassinato de quatro jovens negros. A polícia ainda disparava tiros numa tentativa de apavorar a população e dificultar a coleta de informações verdadeiras, quando militantes do movimento negro e de direitos humanos chegavam ao local. Nesse momento os corpos já haviam sido removidos.

Foi possível constatar um cenário de terror, uma casa pequena de poucos cômodos, de uma só entrada, toda gradeada, cujo acesso se dava por um beco estreito, sem oferecer a menor possibilidade de fuga. Tudo a favor para uma operação perfeita onde os “prováveis investigados” seriam presos pela polícia. Mas não foi o que aconteceu. O muro frontal fora derrubado e os quatro jovens executados pela polícia dentro da casa. A população enfatiza que não houve troca de tiros. Segundo depoimentos dos moradores, dois jovens jogavam vídeo game e outros dois dormiam quando foram executados. A foto do beliche coberto de sangue comprova que o jovem estava deitado quando fora executado.

Não havia veículo de imprensa no local, nenhum site ou jornal ouviu sequer uma pessoa da comunidade, mas a imprensa publicou a versão racista da polícia.
Entidades do movimento social já organizam um levante na cidade e autoridades do movimento negro já estudam pedir o imediato afastamento do comando da polícia militar e do delegado da 27ª Delegacia em Lauro de Freitas, para que uma investigação federal seja realizada na cidade.