sexta-feira, janeiro 31

Comunidade do Solar do Unhão saúda Yemanjá neste sábado (01)



Neste sábado (01), a Associação de Moradores do Solar do Unhão, em parceira com o Museu de StreetArt Salvador (MUSAS), o Coletivo de Entidades Negras (CEN) e os pescadores da região saudarão o 02 de fevereiro com a entrega do primeiro presente ecológico para Yemanjá.

O dia começará às 8h com um café da manhã servido para a comunidade e, a partir das 10h, um cortejo liderado pelo Afoxé Filhas de Gandhy levará ao mar a Sereia (foto anexa) idealizada pelo artista plástico e grafiteiro Prisk, um dos fundadores do MUSAS.

A ação é uma iniciativa de conscientização da comunidade, além de ser uma homenagem à divindade do mar, rainha dos pescadores, de forma ecológica, sem produtos não biodegradáveis como plásticos, sabonetes, vidros e outros materiais poluentes. Para os idealizadores, a ação é um alerta a toda comunidade, que hoje conta com cerca de duas mil pessoas, da necessidade de transformar a relação com a natureza, “que deve ser de respeito e preservação”.  

O que: Entrega de presente a Yemanjá
Quando: 01 de fevereiro (sábado), a partir das 8h
Onde: Comunidade do Solar do Unhão (Gamboa de Baixo)
Quem: Associação de Moradores do Solar do Unhão, em parceira com o Museu de StreetArt Salvador (MUSAS), o Coletivo de Entidades Negras (CEN), Afoxé Filhas de Gandhy

*Programação terá café da manhã, presente e cortejo das Filhas de Gandhy

quarta-feira, janeiro 15

3ª Reunião Nacional do Coletivo de Entidades Negras – CEN



No dia 11 de dezembro de 2013, na Biblioteca Nacional de Brasília/DF, com horário de início as 14:00h e término as 18:00h, ocorreu a 3ª Reunião Nacional do Coletivo de Entidades Negras – CEN. Participaram da 3ª Reunião Nacional do CEN, integrante do Coletivo de Entidades Negras de 13 (treze) estados brasileiros, além de outros convidados e autoridades que se fizeram presentes, totalizando um quantitativo de 112 (cento e doze) pessoas. A Reunião contou com as seguintes pautas: i) a conjuntura política nacional e os desafios para 2014, centrando na reforma política e a necessidade de um plebiscito popular; ii) eleição da nova Coordenação Nacional do CEN. 


A formação da mesa de abertura teve em sua composição a Deputada Federal Sra. Erica Kokay, o Secretário da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial do Distrito Federal (SEPIR/DF), o Sr. Viridiano Custódio, o Diretor de Fomento da Fundação Cultural Palmares, o Sr. Lidivaldo Júnior, a Iyalorixá Lídia de Oxum e o Sr. Marcos Rezende. Nesta oportunidade os integrantes da mesa fizeram uma saudação a todos os presentes, e o Coordenador Nacional do CEN, Marcos Rezende, deu início à pauta proposta, fazendo uma análise sobre a conjuntura política nacional, os desafios para 2014 e os contornos de um plebiscito popular.


Em sua fala, o Sr. Marcos Rezende abordou a sub-representação de negras e negros no Congresso Nacional, demonstrando a necessidade de se priorizar a paridade de gênero e raça como bases de uma reforma política democrática. A fala do Coordenador se utilizou ainda do respaldo que a reforma política ganhou a partir das manifestações ocorridas nas ruas brasileiras no mês de junho deste ano e as mais diversas bandeiras nelas defendidas, em regra gritando por mais dignidade para os estratos sociais mais vulnerabilizados.


Após a fala do Sr. Marcos Rezende,  foi encerrada a mesa de abertura, dando formação a uma nova composição, que teve a condução da Equede Noélia Pires, integrante do CEN/BA, e contou com a presença da Yalorixá Jaciara Ribeiro, representando a Secretaria de Política para Mulheres da Bahia e abordando a temática da intolerância religiosa, a Sra. Cristina Miranda (CEN/MA) tratando sobre a questão Quilombola, a Sra. Patrícia Ahualli (CEN/DF) oportunizando da educação voltada para as comunidades negras, a Sra. Silvana Veríssimo (CEN/SP) que realizou um discurso voltado para as questões de gênero, o Sr. Albino Apolinário (CEN/BA) que tratou das perspectivas políticas para 2014, o Sr. Ricardo Andrade (CEN/BA) abordando as pautas da juventude, com ênfase para o extermínio da juventude negra brasileira, e Tata Wanderson (CEN/DF) que discutiu a formulação teórica do CEN e os desafios a serem alcançados nos próximos anos.


Após as falas dos integrantes da mesa, a palavra ficou franqueada aos demais participantes da Reunião Nacional de modo a se promover um debate sobre as temáticas abordadas como pauta. Realizada as falas que proporcionaram um debate bastante enriquecedor, foram convidadas para compor a mesa outras autoridades que se fizeram presentes, a saber, o Deputado Federal Valmir Assunção, o Secretário Executivo da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), o Sr. Geovanny Harvey e o Diretor de Povos e Comunidades Tradicionais da Fundação Palmares, o Sr. Alex Reis.

Como último ponto da pauta, foi eleita por aclamação total da plenária a nova Coordenação Nacional do CEN, a qual passa a ter a seguinte composição:





sábado, janeiro 11

Racismo: Sistema Operacional Brasileiro




O racismo no Brasil funciona como um sistema, ou seja um conjunto de elementos interligados, que atua de forma precisa, no sentido de manter a segregação e a distância social, que impede o desenvolvimento da nação. 

 O primeiro sistema sócio político implantado no Brasil foi o sistema escravocrata e dele se originou os pilares que estruturaram as bases da nossa sociedade. Daí pra frente, tudo que acontece a nossa volta está correlacionado a esse sistema, que atua na manutenção da pirâmide social. O racismo está presente em tudo. Podemos dizer que o racismo está para a sociedade brasileira tal e qual o Windows está para um computador pessoal. 

Quando ligamos o PC, é o Sistema operacional Windows que nos recebe, nos direciona e nos conduz a todos os programas, acessórios e ferramentas existentes na máquina. É o Sistema que nos permite ou não desenvolver as ações que queremos. Se nossa intenção ao ligar o PC for escrever um texto, será o Windows que nos direcionará ao world e disponibilizará as ferramentas de digitação e formatação. Caso nossa intenção seja a elaboração de uma tabela, será o sistema Windows que nos conduzirá ao Excel e as suas funções. É o Windows que nos faz navegar por todo o conteúdo de um PC. É esse sistema que abre e fecha os programas. É o sistema que liga e desliga a máquina e, se por acaso tentarmos executar alguma ação, que não esteja em sintonia coma sua programação original, o sistema para, a máquina trava e, se essa intervenção acontecer de forma que drible a capacidade de gestão desse sistema, ele reinicia, para que a sua função original seja mantida: A função de proporcionar a operação da máquina exclusivamente para aquilo que ele foi programado. 

Com a nação brasileira é assim também que as coisas funcionam! É o Sistema Operacional Racismo que determinou e dita às regras do funcionamento do Estado Brasileiro. É o racismo que seleciona quem deve ou não concluir os estudos. É o sistema racismo que aponta os que devem morrer, os que devem se aposentar, entre outras definições. O racismo determina quanto de recurso será alocado na educação e na saúde. É o sistema operacional racismo que determina a intensidade da luz que se coloca nos postes dos bairros populares. Determina ainda, o horário e a frequência da coleta do lixo. É o racismo que especifica a política de segurança e a política alimentar. É o racismo que elege a imensa maioria dos representantes legislativos. É o racismo que versa sobre o judiciário, que pauta a política carcerária. O racismo está presente também no processo de formação intelectual e profissional das polícias, advogados, médicos... 

Assim como o Windows, o racismo está presente em tudo, ele incide sobre os partidos políticos, sobre as religiões, sindicatos, associações. Não há nada que passe despercebido pelo racismo. Caso haja alguma ação, que vá de encontro ao racismo, imediatamente os elementos de defesa se manifestam, a máquina para. Logo, logo algum jurista formado pelo racismo encontra inconstitucionalidade em programas como cotas, bolsa família e outras ações afirmativas. Quando vamos de encontro a esse sistema a mensagem de -“uma ameaça foi identificada”-, é disparada e, os responsáveis pela manutenção desse sistema logo tomam as providencias necessárias. Se formos às ruas denunciar o estado, o sistema aciona o antivírus (policia) para destruir os focos de resistência. Quando insistimos em ações que nos tragam vantagem e combata o racismo, a máquina estatal para e o sistema se reinicia. Projetos de leis são engavetados ou voltam para serem redigidos no sentido de contemplar o sistema e seu status quo. Precisamos sair do sistema para combatê-lo. Precisamos de uma nova matriz que nos permita navegar pelo estado sem ser dirigido por seu sistema.

Ricardo Andrade
Editor