domingo, junho 12

Eleição 2016, O novo perfil do eleitor de Lauro de Freitas

Lauro de Freitas tem o oitavo maior colégio eleitoral da Bahia com 118.681 eleitores divididos por duas grandes zonas eleitorais. Tomando como referência a Estrada do Côco, no sentido litoral norte, podemos afirmar que a 180º zona abrange o lado leste da cidade, incluindo o bairro de Portão. Já a zona 204º zona eleitoral compreende toda lado oeste. Veja o gráfico.


Em número de eleitores ficamos atrás apenas da capital Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Camaçari, Itabuna, Juazeiro e Ilhéus.

Outro fato importante a ser analisado é o número de mulheres, que já supera os homens, tornando nosso eleitorado majoritariamente feminino, e esse fato traz novos ingredientes para a disputa eleitoral. Não há como não considerar esses números. É impossível fazer uma plataforma política sem incluir as concepções antimachistas e a garantia dos direitos femininos. Os partidos e coligações sofrerão uma pressão ainda maior para atender o percentual de mulheres garantido por lei.
   
Ailton Borges, analista político afirma que essa eleição será sem sombra de dúvidas a mais difícil e improvável de todos os tempos. Não existe uma receita, um passo a passo a ser seguido. A grande maioria das referências e estratégias utilizadas antigamente pode não ser aplicada nessa conjuntura. A crise política e econômica tende a gerar grandes surpresas nessa eleição. O desejo de renovação dos quadros políticos é a grande aposta dos pequenos candidatos e daqueles que nunca disputaram uma vaga para o parlamento. 

As mudanças nas regras, a diminuição do tempo de campanha e a rigidez no sistema de fiscalização darão novos ares a esse processo eleitoral. O quociente eleitoral deve ficar em torno de 5.500 (cinco mil e quinhentos votos) e isso levará os partidos a fazer coligações cada vez maiores para obter o mínimo dos votos determinado pela lei.

No universo das principais ideias defendidas nas plataformas de campanha a exemplo de saúde, educação, emprego, transporte e etc, verifica-se que as discussões em torno do combate ao racismo e intolerância religiosa pode ser um fator de relevante influencia eleitoral. Há algum tempo a imprensa e as redes sociais vêm sendo invadidas com denuncias de racismo e ódio religioso é bem provável que essas pautas sejam uma constante na agenda dos principais candidatos.
   O mesmo pode ser observado com a temática da segurança pública. É quase que unânime o desejo dos eleitores por uma política que traga soluções para o problema da violência que dizima principalmente jovens negros nas preferias de nossa cidade. 

Família denuncia conspiração para camuflar a morte do garoto Inácio em Lauro de Freitas e pede proteção ao Estado

  

Não é de se entranhar o sentimento da família do Jovem Inácio de Jesus dos Santos, que desconfia de uma conspiração em torno da morte do menino de 16 anos que foi torturado pela polícia em Lauro de Freitas. Estranho mesmo é o fato de a imprensa internacional ter dado uma repercussão muito maior que a local e com um foco totalmente diferenciado. Enquanto os jornais de grande circulação, sintonizados com a versão da polícia, divulgava que o motivo da morte de Inácio se deu por conta de uma pneumonia, a Europa lia estarrecida nas páginas do Jornal Le Monde que o garoto pode ter morrido por conta de tortura sofrida pela  polícia.
  
Inácio morava no bairro do Jardim Castelão e no dia 27 de abril quando se dirigia ao trabalho no lava jato do tio no Caji, foi abordado por uma guarnição da polícia militar. Inácio e Lucas foram postos em uma viatura e levados para uma área, conhecida como desova, localizada atrás do presídio de Lauro de Freitas. Os garotos foram submetidos a ameaças de abuso sexual, tortura física e psicológica. Horas depois foram liberados. 
  
Em casa os garotos relataram o acontecido aos familiares. Inácio, o mais molestado passou a apresentar sinais de debilidade na saúde. Segundo a mãe de Inácio o humor dele já não era mais o mesmo.
   
Em seguida apareceram dores no abdômen e na região do tórax. Dias depois o garoto foi internado no hospital Meandro de Faria e seu óbito foi registrado no dia 6 maio. Segundo relato do médico que atendeu Inácio, o garoto apresentava lesão na traqueia que pode ter sido causada por agressão física. Inácio contou ao médico que foi asfixiado com saco plástico e lutou muito para não morrer. Estranhamente o relatório final apresentado e divulgado na imprensa local, foi que a causa da morte foi uma pneumonia. A família espera o laudo do IML e não descarta a possibilidade de um pedido de exumação para confirmar a tortura. 
   
O Coletivo de Entidades Negras (CEN) e o Conselho de Promoção da Igualdade Racial já articulam a entrada da família de Inácio no programa de proteção a testemunhas e mobiliza organismos internacionais de proteção à vida e direitos humanos para acompanhar o caso. 
  
O caso do garoto Inácio é um símbolo do que acontece cotidianamente nas preferias de nossa cidade. Quantos jovens morreram nos hospitais e a imprensa que vive de acordo com a polícia encobrem os motivos reais da morte para ganhar a simpatia e exclusividade na cobertura das ações policiais. 
   
Será que não há mesmo uma conspiração para naturalizar o genocídio de nossa juventude? Por que será que esses repórteres têm acesso tão fácil e garantido aos detidos em delegacias? 

Babalorixá denuncia mais um caso de racismo


O ódio disseminado contra as religiões de matriz africana no Brasil supera todo e qualquer limite da tolerância. Não dá mais pra suportar as investidas racistas oriundas de setores, grupos e até mesmo, aquelas isoladas, que as autoridades gostam de tratar como 'caso entre vizinhos'.
   O aumento no registro de ocorrências que envolvem racismo precisa ser visto como um sinal, um prenuncio de que poderemos viver momentos de caos num futuro não tão distante.
Em conversa com o babalorixá Vilson Caetano, líder o Ilê Oba L'Okê, comunidade de candomblé situada no Jockey Club, ficou evidente que todos os limites de diálogo e do bom senso já foram esgotados.  “Eu estou pronto para as vias de fato”. Com essas palavras o babalorixá afirma que não aceita mais esperar a lentidão do Estado para resolver a perseguição que ele e sua comunidade sofrem, praticada pelo vizinho que não aceita a existência de uma casa de candomblé na rua aonde reside.

ENTENDA O CASO

   O problema entre a sociedade religiosa e o vizinho já acontece á dois anos. Tudo começou quando a comunidade resolveu fazer a fachada da casa. Segundo Vilson, o referido vizinho questionou a realização da obra e justificou em bases racistas e sem tolerância religiosa, afirmando que numa localidade como aquela, uma casa de candomblé desvalorizaria os imóveis. 
   Há um longo histórico de denuncias de ambas as partes a órgãos municipais, estaduais e até no Ministério Público. Recentemente o babalorixá registrou queixa na 23ª delegacia e o acusado deve se apresentar ainda essa semana. Entidades do movimento negro e direitos humanos apoiam o babalorixá e o aconselham a prosseguir em sua luta pela livre expressão da fé e liberdade religiosa.

ÓDIO RELIGIOSO

    Os mais duradouros e violentos conflitos da humanidade tem o ódio religioso como matriz. Não dispensar atenção e o cuidado necessário para casos como o de Pai Vilson Caetano, é preparar o terreno para que esse terrível sentimento ganhe cada vez mais espaço em nossa sociedade, que pode nos levar a uma guerra civil. A Irlanda e o conflito na Palestina não nos deixa dúvidas de que se não agirmos imediatamente, viveremos dias difíceis amanhã.

Lama acumulada no fundo da represa preocupa autoridades e população


    


O desastre ocorrido em Minas Gerais provocado pelo rompimento da barragem da mineradora de San Marco reacendeu o debate sobre a barragem do Rio Joanes localizada entre os municípios de Lauro de Freitas e Camaçari.  Autoridades políticas e moradores das comunidades da Cachoeirinha, no Jambeiro e Pé Preto, em Portão, as mais vulneráveis, no caso de um acidente, estão preocupados com o crescente acúmulo de lama no fundo da represa que teve as comportas lacradas no ano de 1992 após serem detectadas rachaduras na base. 

O vereador Antônio Rosalvo (REDE), que mora no Jambeiro, já enviou documentos à Embasa solicitando inspeções no local. Ele afirma que a reativação das comportas é necessária para não exigir esforço demasiado da represa. Apesar de ser uma represa de água e não de rejeitos de lama, como a de Minas Gerais, na opinião dele é necessário investigar melhor os efeitos do acúmulo de lama no fundo da represa. “a estrutura foi feita para represar água e não lama”, afirma o vereador.