domingo, novembro 18

Negros são as principais vítimas de homicídios no País,






Negros são as principais vítimas de homicídios no País, revela estatística sobre violência

No mês em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra, o enfrentamento à violência contra os negros ganha força e espaço para discussões em todo o País. Uma pesquisa de opinião pública, divulgada na semana passada pelo DataSenado, mostrou que a maioria da população brasileira acredita que os homicídios de brancos e negros ocorrem na mesma proporção. Em contrapartida, as estatísticas comprovam que essa proporção é desigual e crescente. O Mapa da Violência 2012 revela que o número de homicídios de vítimas negras cresceu 23,4% entre 2002 e 2010, enquanto o de vítimas brancas caiu 27,5% no mesmo período. Entre os jovens, os números são ainda mais alarmantes.

Dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde revelam que, apenas em 2010, mais da metade dos assassinatos registrados no Brasil (53,3%) foi de vítimas com idade entre 15 e 29 anos. Entre elas, 75% eram negras. "Para a polícia, o jovem negro já é culpado", afirma Rosana Aparecida da Silva, secretária de Combate ao Racismo da Central Única de Trabalhadores (CUT) em São Paulo. Na opinião dela, projetos para capacitar os profissionais que lidam com os jovens, principalmente a polícia, são necessários.


Diante dos altos índices, o Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra, que reúne mais de 30 organizações de defesa dos direitos humanos, elaborou uma carta-manifesto para chamar a atenção da sociedade sobre o atual cenário de violência. O documento alerta que os assassinatos têm sido sistemáticos e incidem, em especial, sobre a etnia negra. Cita, por exemplo, que a polícia foi responsável por 20% dos homicídios da capital paulista no primeiro trimestre deste ano. "O nosso objetivo é tentar, o quanto antes, acabar com o genocídio e extermínio de um grupo, uma etnia. Sem dúvida, o número de homicídios é maior do que o que mostram as estatísticas", afirma o pesquisador e militante do comitê, Ailton Santos.

Entre as ações em âmbito federal para tentar reduzir as estatísticas, a secretária de Políticas de Ações Afirmativas, Ângela Nascimento – da Secretaria de Política de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) –, destaca a criação do "Juventude Viva", um plano de enfrentamento à violência por meio de ações nas áreas da educação, saúde, cultura, esporte e acesso à Justiça. "É uma oportunidade de fortalecer a política nacional da igualdade racial e, sobretudo, uma ação articulada com a sociedade", explica Ângela.

Sancionado em 2010 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois de tramitar durante 7 anos no Congresso Nacional, o Estatuto da Igualdade Racial foi um ponto de partida no combate à discriminação e no compromisso do Estado brasileiro em promover políticas públicas, na opinião de Ângela. Para Alexandre Braga, presidente da União de Negros pela Igualdade (Unegro) de Minas Gerais, a aprovação foi uma vitória. "A grande conquista é ter um marco regulatório que norteia as ações governamentais no campo étnico-racial. Na prática, a população negra vivia excluída do processo social", afirmou o africanista, secretário nacional de comunicação da Unegro.

Fonte: http://www.folhauniversal.com.br/geral/noticias/racismo-mata-15896.html#vbtAmigo

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