
Todo
o funcionalismo público foi convocado para participar das ações do 20 de
novembro, feriado municipal, para debater
sobre racismo institucional, no auditório do Centro de Referência da Cultura Afro-brasileira,
localizado em Portão. O combate ao racismo institucional é um dos principais
focos da política de Promoção da Igualdade em Lauro de Freitas. Tensões
raciais, intolerância religiosa e a violência urbana se constituem entre os
maiores desafios para gestores públicos e a sociedade civil organizada.

O
racismo institucional pode ser compreendido como um sistema que atua de forma
difusa no cotidiano de instituições e organizações, provocando uma desigualdade
na distribuição de serviços, benefícios e oportunidades aos diferentes segmentos
da população do ponto de vista racial. Fora isso, a forma violenta com que a
polícia atua nos bairros negros, os horários da coleta de lixo, a potência das
lâmpadas dos postes e as propagandas institucionais, que só utilizam modelos
brancos, são exemplos cotidianos do quanto à população negra sofre com o
racismo institucional.
A
presidente do Conselho Municipal de Igualdade Racial (CMPIR), Sandra Regina,
abriu as falas destacando a luta das mulheres negras, que sofrem dupla
discriminação por serem negras e mulheres. Para ela, a promoção da igualdade só
se dará, de fato, se for constituída a partir da igualdade de gênero.
Ainda
no 20 de novembro, entidades sociais e de diretos humanos lançaram em Lauro de
Freitas o manifesto pelo fim dos autos de resistência, um movimento nacional
que exige investigação para as mortes provocadas pelos agentes de segurança do
estado: a polícia. Duendy, 1º Mc do Grupo Fúria Consciente, fez a leitura do
manifesto e lembrou os diversos casos de homicídios de jovens negros em que
suas famílias nunca tiveram acesso ao inquérito.
Intolerância religiosa

Há
também um grande questionamento por parte das lideranças religiosas de matriz
africana que reclamam da dificuldade do acesso a recursos públicos em
detrimento de outros seguimentos, a exemplo do que segundo Cláudia Santos, ex
conselheira de Cultura, acontece no Fundo Municipal de Cultura, onde mais de
600 mil reais foram liberados para eventos católicos e evangélicos sem a devida
avaliação e aval dos conselheiros.
Na Casa Legislativa, no
grande expediente e nas intervenções dos edis, percebe-se com clareza a intolerância e a falta de
compreensão do que significa aquela casa e do seu papel para a sociedade.
Verdadeiras pregações são realizadas durante as sessões. “A sensação que tenho é
que participei de um culto e não de
sessão na câmara dos vereadores”, percebeu Paulo Sacramento, conselheiro do Conselho
Municipal de Promoção da Igualdade Racial (CMPIR).
Ricardo Andrade
Cely Carvalho
Ricardo Andrade
Cely Carvalho
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