sexta-feira, novembro 18

 
 
20 de Novembro Dia Nacional da Consciência Negra
Quilombo Xis –Ação Cultural Comunitária pela vida , pela liberdade  contra o racismo e o neo-colonialismo e o encarceramento
 
Nós, Quilombo Xis- Ação Cultural Comunitária, espalhados pelas ruas, vilas, cadeias e favelas, cuja maioria a voz não é ouvida, cuja maior parte tem sido espoliada, a maioria encarcerada, a maioria subjugada pelo Estado Brasileiro e seus lacaios assentados em governos racistas. Nós, que vivemos diretamente o rigor de uma sociedade racista, homofóbica, sexista e segregacionista, celebramos nesta semana o caráter revolucionário e intransigente de Zumbi dos Palmares, Aqualtune, Dandara e Andalaquituxe. Líderes do Quilombo dos Palmares, líderes de uma experiência panafricana de libertação que nos inspira uma luta real contra o racismo, o bom combate, a busca sem massagem por dignidade humana para todos e todas. Não soltamos rojão para os supostos avanços da agenda racial celebrados por funcionários negros e brancos dos governos. Os avanços são tão parcos que não nos motivam outra atitude, a não ser a luta. Os supostos avanços não conseguem parar a matança contra nosso povo, os avanços ainda não se configuraram em terras para os trabalhadores rurais e a devida posse para os quilombolas signatários desta data. Os avanços assistem em silêncio a utilização de negros e negras como insumos do empreendimento industrial carcerário que mantêm neutralizados milhares de homens e mulheres negros em sua fase mais produtiva. Os avanços são uma farsa montada para nos fazer parar a marcha dos negros e negras para a nossa  verdadeira libertação.
Exigimos ainda reparação histórica e humanitária pelos séculos de trabalhos forçados. Exigimos a responsabilização do Estado Brasileiro pelo crime de lesa humanidade que vem sendo praticado desde o período colonial e ainda hoje nos aniquila.
 
O 20 de novembro para nós tem um significado de amor a causa de liberdade. O 20 de novembro é uma celebração de luta, de ação das pessoas que estão colocadas desde baixo, as pessoas mais vulneráveis aos efeitos do racismo, ou seja, nós: prisioneiros, prisioneiras, travestis, moradores de rua, esfarrapados, desempregados  que sobrevivem nas ruas. Os usuários do SUS morrendo por doenças evitáveis ou há muito erradicadas; as vítimas dos “baculejos” e achaques da polícia; os suspeitos padrão, os jovens guardados nas instituições de seqüestro (Case, Fundação Casa, FEBEM , Penitenciárias, Manicômios). Enfim, falamos aqui como parte da realidade que o racismo constrói, em nome próprio, por nós mesmos.

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