domingo, junho 12

Família denuncia conspiração para camuflar a morte do garoto Inácio em Lauro de Freitas e pede proteção ao Estado

  

Não é de se entranhar o sentimento da família do Jovem Inácio de Jesus dos Santos, que desconfia de uma conspiração em torno da morte do menino de 16 anos que foi torturado pela polícia em Lauro de Freitas. Estranho mesmo é o fato de a imprensa internacional ter dado uma repercussão muito maior que a local e com um foco totalmente diferenciado. Enquanto os jornais de grande circulação, sintonizados com a versão da polícia, divulgava que o motivo da morte de Inácio se deu por conta de uma pneumonia, a Europa lia estarrecida nas páginas do Jornal Le Monde que o garoto pode ter morrido por conta de tortura sofrida pela  polícia.
  
Inácio morava no bairro do Jardim Castelão e no dia 27 de abril quando se dirigia ao trabalho no lava jato do tio no Caji, foi abordado por uma guarnição da polícia militar. Inácio e Lucas foram postos em uma viatura e levados para uma área, conhecida como desova, localizada atrás do presídio de Lauro de Freitas. Os garotos foram submetidos a ameaças de abuso sexual, tortura física e psicológica. Horas depois foram liberados. 
  
Em casa os garotos relataram o acontecido aos familiares. Inácio, o mais molestado passou a apresentar sinais de debilidade na saúde. Segundo a mãe de Inácio o humor dele já não era mais o mesmo.
   
Em seguida apareceram dores no abdômen e na região do tórax. Dias depois o garoto foi internado no hospital Meandro de Faria e seu óbito foi registrado no dia 6 maio. Segundo relato do médico que atendeu Inácio, o garoto apresentava lesão na traqueia que pode ter sido causada por agressão física. Inácio contou ao médico que foi asfixiado com saco plástico e lutou muito para não morrer. Estranhamente o relatório final apresentado e divulgado na imprensa local, foi que a causa da morte foi uma pneumonia. A família espera o laudo do IML e não descarta a possibilidade de um pedido de exumação para confirmar a tortura. 
   
O Coletivo de Entidades Negras (CEN) e o Conselho de Promoção da Igualdade Racial já articulam a entrada da família de Inácio no programa de proteção a testemunhas e mobiliza organismos internacionais de proteção à vida e direitos humanos para acompanhar o caso. 
  
O caso do garoto Inácio é um símbolo do que acontece cotidianamente nas preferias de nossa cidade. Quantos jovens morreram nos hospitais e a imprensa que vive de acordo com a polícia encobrem os motivos reais da morte para ganhar a simpatia e exclusividade na cobertura das ações policiais. 
   
Será que não há mesmo uma conspiração para naturalizar o genocídio de nossa juventude? Por que será que esses repórteres têm acesso tão fácil e garantido aos detidos em delegacias? 

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