quinta-feira, fevereiro 19

Povo de santo constrangido


Em parte, foi importante o episódio que aconteceu na Suppir, pois assim ficou demonstrado com mais clareza, os equívocos da política racial implementada por Moema. Há tempos, vimos insistindo na mudança de foco, mas os interesses coorporativos e individuais sempre estiveram acima da causa do povo negro e os resultados são esses que vemos em nosso cotidiano.


O consumo de drogas e entorpecentes cresce a cada minuto. A taxa de homicídios e a ação de grupos de extermínio são alarmantes. O assassinato de um garoto perto da Escola de Cadetes no início do ano pode ser considerado um fato emblemático, que revela a falta de comprometimento do poder público para com a juventude negra dessa cidade. Se esse aquele garoto viciado em drogas, tivesse sido encaminhado ao Centro de Recooperação, sua morte poderia ter sido evitada, mas a construção do Centro, requerida pela Juventude Negra em 2005, em sessão especial realizada na Câmara de Vereadores, foi ignorada pelo governo municipal.


A questão racial é muito utilizada pelo governo pra fazer lobby, propaganda política e para justificar emendas e repasses federais e estaduais. Só nesses, momentos os negros e negras dessa cidade são vistos e lembrados. Mas depois dos interesses alcançados, das verbas e repasses liberados, cabe a nós o título de povo desorganizado.


Tive acesso há algumas justificativas enviadas pelo governo municipal, no intuito de obter benefícios como Kit Palmares e as emendas para reforma e construção da Sede da Suppir, e em nenhuma delas o governo nos trata como desorganizados, pelo contrário. Somos importantes, nossa contribuição histórica foi fundamental para o desenvolvimento da cidade e etc e tal. Mas quando chega a hora de admitir essa importância para dentro do governo, aí automaticamente nos transformamos em desorganizados.


Eu particularmente, não espero muito mais dessa política racial racista e aproveito esse momento para em público, apontar a Coordenação da Fenacab, como responsável por esse vexame por que passa o povo de axé em Lauro de Freitas. Jadilson Lopez, mesmo advertido, insistiu numa relação subserviente e muda. Muitas das vezes expondo-nos ao ridículo, entregando títulos sagrados a pessoas não merecedoras de tal honraria, a exemplo do Título Ojú Ara Orixá entregue a Moema Gramacho.


Espero que a indicação desse evangélico para liderar as ações do povo de axé, seja o mais expressivo símbolo dessa política racial equivocada.

2 comentários:

  1. Minha solidariedade, estou repassando para listas @ e incluindo em http:afroblogs.blogspot.com
    josé ricardo

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  2. Precisa aprender a deixar os comentários, mesmo que ele sejam contrarios a sua postura!

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