domingo, junho 16

Números de Guerra




O estudo intitulado “Mapa da Violência”, realizado pelo Governo Federal, aponta Lauro de Freitas como o 3º município do país em número de homicídio por armas de fogo. No ano de 2010 foram registrados 173 homicídios em nossa cidade. Dados que nos remetem a um clima de guerra com dados assustadores, que geram medo e insegurança.

Invariavelmente, notícias sobre violência invadem nossas vidas, nos deixando perplexos ou, simplesmente atônitos perante a situação que paulatinamente cresce e gera números extremamente preocupantes. De forma sagaz e muito bem orquestrada, a mídia deixa de noticiar homicídios que acontecem em favelas ou em bairros periféricos, a menos que sejam chacinas. Vale salientar que também não existe uma apuração mais eficaz por parte do poder de segurança pública com o intuito de resolver a situação ou proteger as maiores vítimas dessa violência: negros, jovens e pobres.

Sem dúvida, esta realidade não se vincula somente aos homicídios. Esses jovens, vitimados pela violência letal, são alvos de outras violações. Cooperam também a representação estereotipada na mídia, as imagens negativistas produzidas sobre os jovens negros, a afirmação de que as mortes violentas decorrem das drogas, a falta de acesso a equipamentos e serviços públicos essenciais.

A triste realidade exposta por esta questão ainda tem o olhar conivente do Estado, que acaba referendando essa prática no agir e resolver, quando se trata de homicídios relacionados a brancos e não conseguindo o mesmo no caso dos negros, preferindo atribuir essas mortes ao tráfico de drogas ou guerras de gangues. O Estado também não admite que as polícias estão mal orientadas e totalmente equivocadas na forma de tratar o cidadão negro e morador de periferia, criando um estereótipo e perpetuando um perfil para o criminoso em potencial.

Na Região Metropolitana de Salvador (RMS), mais especificamente em Lauro de Freitas, essa situação tem se agravado. Nos últimos seis anos o município sempre esteve entre os dez primeiros no Estado da
Bahia em situações de violência. Hoje, no mapa da violência, ostentamos a infeliz marca de ser o 3° município em mortes por armas de fogo; 2° em assassinatos; o 5° mais violento do Estado; além de, em nível nacional, estarmos na 31ª posição dos municípios mais violentos do país.

Nas ruas de Lauro de Freitas existe uma guerra desenfreada

com dígitos absurdos e que semanalmente tem deixado inúmeras famílias de luto com um algarismo alarmante DE MORTES, que chegam a um números assustadores. Nem em países em guerra como Afeganistão e Iraque se registra tantas mortes. Aqui são cerca de 40 jovens negros mortos por mês, com média significativa de 10 a 11 jovens absurdamente assassinados. Esses são números absolutos de extermínio silencioso que vem acontecendo em Lauro de Freitas. Os bolsões de miséria e de falta de investimento têm gerado esses jovens com a mesma rapidez que os tem matado.

Sem programas adequados ou uma política pública direcionada e realmente efetiva que insira, capacite, qualifique e eduque, não conseguiremos parar a matança  desenfreada e sem limites. O jovem negro no Brasil de hoje está em um corredor da morte, alguns conseguem comutarem suas penas e as transformam em prisão perpetua, outros conseguem o perdão integral e refazem ou conseguem  remodelar suas vidas. Essas são gotas em um oceano de sangue, enquanto o outro lado, o lado dos que morrem, representa a tsunami avassaladora que destrói, mata e humilha a todos. As mortes desses jovens já estão em nossa conta há muito tempo, mas o pior é que alguns de nós fingem não ligar, parece não ver ou sentir a bofetada na cara da sociedade que está sendo dada, cada vez que um jovem negro morre.

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