A nomeação de um evangélico para assumir uma das direções da SUPPIR (Superintendência de Promoção da Igualdade Racial), foi o suficiente para desencadear uma tremenda insatisfação na comunidade negra laurofreitense, para com a política racial da prefeita Moema Gramacho
Lideranças negras dos mais diversos seguimentos culturais e religiosos, se dizem traídas e desaprovaram mais essa ação do governo municipal, que em nenhum momento se reuniu com esses movimentos, para compor o quadro diretivo desse órgão, que deveria atender as demandas do povo negro da cidade.
Em entrevista concedida a Folha Popular, o superintendente da Suppir, Ariosvaldo Menezes, defendeu a indicação da prefeita. Ele justificou dizendo, que o povo negro é desorganizado e que a Superintendência foi criada para atender as comunidades negras que são formadas por negros de diversos seguimentos culturais e religiosos. Disse ainda, que um evangélico negro, seria importante para a Suppir, porque melhoraria o diálogo do governo com os negros dessa vertente religiosa.
O Movimento Negro Unificado e a Posse PCE (Movimento Hip Hop) rejeitam a justificativa do superintendente e acusa o governo de incoerência. Segundo o movimento, o governo municipal usa a questão racial para angariar emendas e repasses federais para o município e nas justificativas desses projetos, o mesmo governo em nenhum momento se refere aos negros laurofreitenses como desorganizados. Como exemplo disso, o movimento negro cita, a emenda federal para construção da sede do DPIR no valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinqüenta mil reais). “Se o governo municipal dissesse no projeto que os negros de Lauro de Freitas são desorganizados, jamais o recurso teria sido liberado”.
O MNU e a PCE acusam também os negros partidários que não se posicionam publicamente sobre o fato. Estes na campanha eleitoral organizaram um ato intitulado “Marcha do povo negro” em favor da candidatura de Moema. No mini trio se ouviam gritos de Ana Luzia, fiscal da FENACAB “Moema 13, o negro no poder”. E agora Ana?
No universo dos decepcionados com a política racial, o povo de axé é o mais prejudicado e o mais envergonhado de todos, a final, até título sagrado foi concedido a candidata, na esperança que ela viesse a ser os “olhos” do povo de santo. Já a juventude negra não se surpreendeu com as posições do governo, que segundo ela, esses posicionamentos discriminatórios foram pré-anunciados tendo em vista os orçamentos e as estruturas disponibilizadas para os órgãos que deveriam atender as demandas do povo negro.
Jadilson Lopez, coordenador da Fenacab, diz que o governo municipal em nenhum momento discutiu com esse seguimento a indicação de um(a) representante para atuar no governo. Por outro lado, o governo insiste em dizer que há pessoas contratadas que representam esse seguimento no poder público. Jadilson diz ainda, que tentou várias vezes reunião com a prefeita, mais foi ignorado.
Alguns mestres de capoeira, que preferem não se identificar, para não sofrer perseguições por parte de integrantes do governo, dizem-se acuados com a política racial também. Eles questionam a participação no Pólo de Capoeira uma política pública criada pela Agencia de Desenvolvimento Econômico e pelo Dpir. Segundo esses mestres, o governo só dialoga capoeira se for via o Pólo.
O MNU convocará uma reunião ampliada para confeccionar um documento em rejeição da política racial do governo municipal de Lauro de Freitas.
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